I SÉRIE — NÚMERO 50
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Em novembro de 2019 foi tornado público que estas três instituições estariam com sérias dificuldades
financeiras, na ordem dos seis milhões de euros, para pagar salários, situação recorrente nos últimos anos,
exigindo, por esse motivo, a injeção de reforços extraordinários.
No final de 2019, cada uma destas três instituições recebeu, de forma extraordinária, dois milhões de euros.
Em contrapartida, o Governo, em vez de disponibilizar a adequada dotação financeira a estas instituições a partir
do Orçamento do Estado, para colmatar o crónico subfinanciamento, impôs a reestruturação financeira destes
politécnicos, através de medidas de redução de despesas e aumento de receitas.
Em dezembro de 2019, o Conselho Geral do Instituto Politécnico de Castelo Branco aprovou um plano para
a reestruturação da instituição. Posteriormente, a 8 de julho, este mesmo conselho deliberou que essa
reestruturação organizacional será preconizada na proposta apresentada pelo Presidente do Instituto Politécnico
de Castelo Branco, que visa a constituição de nove departamentos, transversais a toda a instituição, e a
associação dos mesmos em quatro novas unidades orgânicas. Ou seja, são reduzidas para quatro as atuais
seis escolas.
Nesta reestruturação, a Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova perde a sua sede naquele município,
passando esta para o espaço da Escola Superior de Educação, e, como tal, perderá, igualmente, a sua
autonomia.
A deliberação do Conselho Geral do Instituto Politécnico de Castelo Branco motivou a contestação da
comunidade escolar e da população de Idanha-a-Nova, que antevê, na perda da autonomia e da sede desta
escola, o prenúncio para a redução de cursos e o encerramento desta escola superior, que foi criada pelo
Decreto-Lei n.º 153/97, de 20 de junho, integrada no Instituto Politécnico de Castelo Branco e dotada de
autonomia administrativa, pedagógica e científica.
A Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova, localizada neste município raiano e de baixa densidade, tem
dado um contributo importante para combater as assimetrias regionais. É um dos principais indutores da
economia local, pois contribui claramente para a criação de riqueza e emprego, com benefícios nos setores da
restauração, alojamento, comércio, entre outros.
A decisão vem no sentido inverso ao das políticas que têm sido anunciadas pelo Governo para a valorização
dos territórios do interior e de baixa densidade, como é o caso de Idanha-a-Nova, um município de base rural,
com uma população envelhecida e empobrecida.
No ano letivo de 2019/2020 entraram para a escola superior 252 novos alunos, sendo frequentada por cerca
de 600 alunos.
Considerando a petição pela autonomia e manutenção da sede da Escola Superior de Gestão de Idanha-a-
Nova — cujos peticionários Os Verdes aproveitam para saudar, referindo que acompanhamos as preocupações
manifestadas por esta iniciativa —, afirmamos que a escola superior deve manter a sua sede em Idanha-a-Nova
e a respetiva autonomia, de forma a evitar a perda de cursos e o encerramento da escola, visto que ela tem sido
fundamental para o município, potenciando e dinamizando a economia local e contribuindo para esbater as
assimetrias regionais.
Para isso é necessário garantir o reequilíbrio financeiro estrutural do Instituto Politécnico de Castelo Branco,
através do seu conveniente financiamento, assegurar a sua autonomia administrativa, pedagógica e científica e
manter a sede da respetiva escola.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para uma intervenção, porque o PS também apresenta um projeto de
resolução, que há pouco não referi, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Fazenda.
O Sr. Nuno Fazenda (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Começo por saudar os peticionários
do movimento pela autonomia da Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova, cujos representantes nos
honram hoje com a sua presença.
As instituições de ensino superior assumem um papel fundamental no interior, pois permitem atrair jovens,
criar massa crítica e gerar conhecimento.
Nos últimos anos, resultante da qualidade das universidades e dos politécnicos do interior e das políticas
públicas que têm sido adotadas e lideradas pelo Sr. Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Manuel
Heitor, o número de alunos inscritos no interior do País cresceu 11%, desde 2015, e o peso dos estudantes
estrangeiros tem aumentado de forma significativa.