I SÉRIE — NÚMERO 50
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Reconhecemos que começa a haver indícios de uma política mais virada para a ferrovia, que há alguns
avanços importantes, mas é inegável que ainda temos níveis de execução abaixo dos necessários e o caminho
para percorrer tem décadas de atraso.
É por isso que, hoje, apresentamos este projeto e acompanharemos todos os projetos que vão no sentido de
valorizar a Linha do Douro e a região do Norte.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Bebiana Cunha,
do Grupo Parlamentar do PAN.
A Sr.ª Bebiana Cunha (PAN): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Antes de mais, gostaríamos de
saudar todos os peticionários e a Liga dos Amigos do Douro Património Mundial, que, hoje, nos permitem discutir
este tema em Plenário — a Linha do Douro —, que carrega consigo um marco histórico no nosso património
ferroviário e, também, as memórias de um Portugal cuja preservação se pode fazer, também, através das
decisões políticas que se tomam nesta Casa. Hoje, é aquilo que se pretende aqui fazer.
Por isso, o PAN apresenta-se com uma recomendação nesse mesmo sentido. Falamos de uma linha que,
se no passado servia essencialmente para fins comerciais, foi, claramente, ganhando outro sentido e cada vez
mais importância ao nível da mobilidade, do acesso a bens e serviços e do combate ao isolamento das
populações.
O encerramento desta ligação internacional, em 1985, e do lanço entre Pocinho e Barca d’Alva, em 1988,
deram origem a um crescente fosso entre regiões e a um retrocesso no desenvolvimento regional.
O custo da reabertura da Linha do Douro até à fronteira implica um investimento estimado entre 43 milhões
e 163 milhões de euros, sabendo-se que, da parte de Bruxelas, já houve manifestação de interesse em
comparticipar estes mesmos trabalhos, como é por demais evidente, face à importância que a ferrovia assume
nas políticas ambientais, de mobilidade e sociais.
Esta mesma linha recebeu, do lado espanhol, o título de «Bem de Interesse Nacional com Categoria de
Monumento», mas em Portugal, infelizmente, são vários os cenários de abandono e de desleixo político que
resultaram na degradação do património ferroviário do Douro.
Falamos, Sr.as e Srs. Deputados, de 191 km da Linha do Douro que são fundamentais quer para a coesão
territorial, quer para o apoio ao mundo rural, que, evidentemente, não podem ser só conceitos no papel.
A petição que discutimos manifesta a vontade dos cidadãos e das cidadãs, que tem sido repetidamente
expressa ao longo dos últimos anos. Foram, aliás, mais de cinco petições, nos últimos 10 anos, num total de
cerca de 25 000 assinaturas. Não nos parecem ser necessárias mais provas da vontade pública sobre esta
matéria. É mais do que tempo de o Governo encetar esforços na requalificação e reabertura da Linha do Douro.
O PAN acompanha, naturalmente, a vontade pública da recuperação e reabertura desta linha histórica e, por
isso, apresentamos uma proposta de recomendação para a sua requalificação, funcionamento e subsequente
ligação a Salamanca. Pretendemos, precisamente, que o Governo proceda à sua requalificação e à do material
circulante, à concretização da eletrificação integral da linha e que encete esforços junto do Governo espanhol
para a ligação ferroviária a Salamanca.
Tal como temos vindo a defender, é essencial acelerar o Plano Nacional da Ferrovia, que defende a
reabertura com linha eletrificada do troço Pocinho-Barca de Alva, conjugando, dessa forma, a sua reativação
enquanto ligação transfronteiriça. O que lamentamos é que apenas esteja previsto um estudo no Programa de
Investimentos para o ano de 2030. A ferrovia, no nosso País, segue com muitos anos de atraso e quaisquer
estudos devem ser acelerados com vista à sua concretização.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Bebiana Cunha (PAN): — Vou concluir, Sr.ª Presidente.
É fundamental reforçar o investimento na ferrovia como resposta às alterações climáticas e como medida de
revitalização do interior e da promoção da coesão territorial.