12 DE MARÇO DE 2021
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É inútil dizer a um barbeiro, a um comerciante ou a uma companhia de teatro que a sua abertura ou
encerramento de portas está dependente de critérios que não controla e que agora pode abrir portas, mas que
se atingirmos 70 ou 130 infeções por 100 mil habitantes terá de as fechar novamente.
O que é preciso é que seja dito a cada um destes profissionais ou setores de atividade quais são as medidas
que têm de adotar para retomar o seu funcionamento em condições de segurança sanitária e dar-lhes o apoio
que necessitarem para que as possam pôr em prática.
É preciso que se diga que medidas vão ser tomadas para reabrir as escolas, se vai ser reduzido o número
de alunos por turma, se vão ser alargados os horários de funcionamento das escolas e contratados mais
professores, auxiliares e técnicos para que funcionem mais turmas, se vai haver investimento na ampliação e
melhoria dos espaços escolares, se avançam ou não medidas específicas de vacinação, higienização dos
espaços escolares e reforço do transporte escolar.
O mesmo tem de ser feito em todas as outras áreas e setores de atividade, comunicando com clareza as
condições que têm de ser observadas para a retoma do funcionamento, atualizando ou complementando regras
que foram sendo definidas ao longo de 2020.
Em matéria de prevenção e combate à epidemia, a vacinação continua a ser a solução mais sólida que temos
para resolver o problema a prazo. É preciso que ela avance e que sejam cumpridos os objetivos definidos no
plano de vacinação.
A Assembleia da República irá discutir e votar a proposta do PCP para a diversificação da aquisição de
vacinas, já agendada para discussão em Plenário, para que também o problema da falta de vacinas possa ter
solução, quer com a aquisição de vacinas que já existem e estão disponíveis, quer considerando as
possibilidades de suspensão ou cancelamento de patentes para aumentar a produção.
A par da vacinação, é igualmente prioritário o reforço das equipas de saúde pública, de forma a que haja
aumento do rastreio e da testagem, com critério, e de forma a garantir a capacidade de identificar e interromper
as cadeias de transmissão. Isso é necessário para que o desconfinamento seja encarado com segurança,
evitando novas situação de descontrolo de infeções e novos confinamentos.
Reforçar o SNS para recuperar cuidados em atraso e dar resposta a outras doenças, reforçar os serviços
públicos para que deem a resposta adequada e necessária às condições de retoma das atividades económicas,
culturais ou desportivas e valorizar os trabalhadores pelo papel que cumprem nesse esforço coletivo de
normalização da vida em sociedade são outros dos elementos que compõem o conjunto de medidas essenciais
que devem ser consideradas para nos libertarmos dos confinamentos de vez.
Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, não é possível sustentar o confinamento
por mais tempo, muito menos indefinidamente ou sequer como solução a prazo.
A responsabilidade que é preciso assumir é a da criação de condições para que esse tipo de medidas
restritivas fique definitivamente para trás e se definam as medidas adequadas ao combate à epidemia e à
solução dos graves problemas económicos e sociais criados com o confinamento.
Os impactos negativos do confinamento nas crianças, nos idosos, nas famílias, nas pessoas com deficiência,
na saúde mental e física dos portugueses são mais que evidentes.
O acumular de custos económicos e sociais do confinamento arrisca tornar-se insustentável, considerando
o rasto de pobreza, de desemprego e de exclusão social, a par do risco de falências de milhares de micro,
pequenas e médias empresas.
Acresce a isto a preocupação, que não pode ser escondida, com o crescente sentimento de rejeição das
medidas restritivas, que agora é a recusa do confinamento, mas, mais à frente, pode ser a recusa de outras
medidas, mesmo que menos restritivas.
Porque o confinamento é exceção e não pode ser solução, porque é preciso enfrentar os graves problemas
nacionais em toda a sua extensão, insistimos que tem de ser concretizada a alternativa que existe para que o
confinamento fique definitivamente arredado da nossa vida nacional.
Aplausos do PCP e do PEV.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, pelo Grupo Parlamentar do CDS-PP, o Sr.
Deputado Telmo Correia.