I SÉRIE — NÚMERO 53
64
Neste enquadramento, o caso dos empresários em nome individual é especialmente preocupante, tanto mais
tendo em conta os apoios a que podem tentar aceder, designadamente nos setores do comércio, da restauração
e da cultura, nestes programas APOIAR + SIMPLES, para apoio à liquidez, e APOIAR RENDAS, para apoio aos
compromissos com as rendas.
Ao abrigo da portaria que regulamentava o Programa APOIAR, ficaram, precisamente, excluídos destes
apoios todos os empresários em nome individual que não tivessem trabalhadores a seu cargo.
Sr.as e Srs. Deputados, tal exclusão significava, nos setores do comércio e da restauração, por exemplo,
cerca de 139 000 empresários em nome individual que não puderam recorrer ao Programa APOIAR. Finalmente,
a 24 de março, e após ter deixado estes empresários sem apoio, o Governo retirou a obrigatoriedade de os
empresários em nome individual terem trabalhadores para além de si próprios para acederem aos apoios.
Sr.as e Srs. Deputados, não obstante a recomendação inicial do PAN já ter cumprido o seu propósito, o
Programa APOIAR continua a apresentar insuficiências que deverão ser corrigidas o quanto antes por razões
de justiça e de equidade no acesso aos apoios.
Uma dessas insuficiências que este projeto que o PAN traz a debate visa suprir é a exclusão das empresas
mais recentes, isto é, constituídas após o dia 1 de janeiro de 2020.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Bebiana Cunha (PAN): — Vou concluir, Sr. Presidente.
O Governo não pode esquecer estas empresas, que, evidentemente, fizeram um grande investimento
económico numa situação de extrema vulnerabilidade do ponto de vista social.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Bruno Dias,
do PCP.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A intervenção do PCP quanto às medidas
de apoio às micro, pequenas e médias empresas tem-se pautado, de forma constante, sistemática, coerente e
construtiva, pela apresentação de propostas concretas e de soluções para os problemas das empresas e dos
trabalhadores.
A exigência — e a insistência! — com que nos batemos pelas medidas necessárias e para que estas sejam
realmente aplicadas, desbloqueadas, concretizadas no terreno, de forma efetiva, são, ao mesmo tempo, a
expressão do empenhamento e da determinação do PCP em responder aos problemas do País.
Como tantas vezes temos afirmado, vale mesmo a pena lutar.
Valeu, e vale, a pena todo o trabalho, mobilização e intervenção dos micro, pequenos e médios empresários
e das suas organizações, que daqui saudamos, com natural destaque para a CPPME (Confederação
Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas).
Nesta sessão plenária, a Assembleia da República tem a oportunidade de aprovar medidas da maior
importância para a vida concreta das pessoas, para a vida das empresas, para a eficácia e a continuidade dos
apoios para enfrentar os impactos desta crise pandémica.
Propomos que sejam corrigidas as regras de acesso aos apoios, eliminando discriminações por setor de
atividade, adequando os critérios à realidade e conferindo-lhes justiça.
Propomos que se resolvam as dificuldades insuportáveis no contacto com os serviços do Estado — IAPMEI,
I.P. - Agência para a Competitividade e Inovação, segurança social, Autoridade Tributária —, com a criação de
uma rede de contacto e apoio a microempresários e a empresários em nome individual.
Propomos que se mantenham, por mais seis meses, as moratórias que terminem agora, que sejam incluídos
os créditos contratados até 31 de dezembro de 2020 e que sejam retiradas as restrições absurdas que foram
impostas em função do código de atividade económica.
Propomos um regime extraordinário, e temporário, que permita a suspensão dos contratos de energia e
telecomunicações por micro e pequenos empresários e ENI (empresários em nome individual) que têm a porta
fechada no contexto atual.
Propomos a mobilização de apoios aos lojistas dos centros comerciais.