15 DE ABRIL DE 2021
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ser encarada como o chapéu para a restrição de direitos, mas sim como a forma de garantir o seu respeito e
exercício em condições socialmente complexas, como podem ser as de uma epidemia.
É certo que o tempo tem vindo a comprovar que as sucessivas declarações do estado de emergência
correspondiam, afinal, à visão distorcida da restrição sem limites de direitos constitucionalmente consagrados.
O problema não está, por isso, apenas, na banalização do estado de emergência; está também, e sobretudo,
na banalização das medidas restritivas daqueles direitos e liberdades.
A sucessão de declarações do estado de emergência, a repetição indefinida de medidas restritivas e o
avolumar dos problemas económicos e sociais que daí resultaram são a confirmação do erro dessa receita como
forma de resposta ao problema sanitário.
É preciso que a alternativa a essas medidas restritivas seja encarada como a prioridade para a resposta ao
problema sanitário, assim como aspeto indispensável de cumprimento da democracia e do respeito pela
Constituição.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — É a vez do Sr. Deputado João Almeida, do Grupo Parlamentar do CDS-PP, a quem dou
a palavra, para uma intervenção.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro da Administração Interna, Sr.
Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Sr.as e Srs. Deputados: Discutimos a décima quinta
renovação do estado de emergência, e andamos nisto há um ano. Só isso dá sinal não só da gravidade do
momento que vivemos e das consequências dramáticas que tem tido esta pandemia, como também de um
Estado de direito que não conseguiu adaptar-se a esta situação, pois, ao fim de um ano, continua a considerar
que é a emergência que resolve aquilo que, infelizmente, já se tornou estrutural e que são as suas medidas que
permitem dar resposta a algo que precisa, já há bastante tempo, de uma resposta muito mais consistente.
Esta é a emergência de um Governo que, pela voz do seu Primeiro-Ministro, no dia em que fala sobre a
renovação do estado de emergência, invariavelmente diz que as regras têm de ser cumpridas de forma severa
e que não pode haver facilitismo, mas é o mesmo que, muitas vezes, uma semana depois, dá os maiores
exemplos de facilitismo e de incapacidade de conseguir lidar com o próprio estado de emergência que achou
pertinente.
Ou seja, o Governo nunca conseguiu transmitir ao País uma consistência nas suas opções, na necessidade
de executá-las e na verdadeira avaliação do cumprimento, ou não, dos objetivos que traçou. Anda sempre a
navegar à vista, sempre a procurar, no otimismo que permita um bom enquadramento eleitoralista, a solução
para aquilo que não se resolve com eleitoralismo, nem se resolve com otimismo, mas com coragem e
determinação. E coragem e determinação é tudo o que tem faltado a este Governo para lidar com esta situação!
É por isso que declarar-se mais um estado de emergência é renovar mais do mesmo. É continuar a não
haver essa resposta estrutural para o problema e perceber-se, cada vez mais, que banalizar a exceção faz com
que as pessoas, naturalmente, não tenham o mesmo nível de atenção e de capacidade de cumprimento que
tiveram no passado.
Sabemos que, neste momento, o estado de emergência é pouco mais do que o papel em que é publicado,
porque, infelizmente, o País reage, como é natural que reaja a tantas renovações, com a indiferença que este
Governo lhe merece. E isso é mau. É mau para um Estado de direito que o Governo seja visto com indiferença
e que as medidas que determina sejam cada vez mais incompreendidas.
Já ninguém sabe o que pode estar aberto. Já ninguém sabe a que horas abre e a que horas fecha. Já
ninguém sabe o que pode fazer. Já ninguém sabe se pode sair de um concelho e entrar no outro. Já ninguém
sabe o que deve e pode fazer da sua vida.
Mas, nesses casos, estamos a falar só de hábitos. Há problemas mais graves. Há muitos portugueses que
não sabem o que fazer com a sua situação profissional. Há muitos portugueses que não sabem o que fazer com
a situação das suas pequenas empresas e dos seus pequenos negócios e que ouvem aquilo que toda a gente
diz: «Isto abriu, mas, se calhar, lá para maio fecha outra vez».
Triste o Governo que permite que se crie, na sociedade, esta ideia de que tudo o que é regra hoje pode
deixar de ser regra amanhã e de que tudo o que é objetivo hoje pode ser adiado daqui a umas semanas. É o