15 DE ABRIL DE 2021
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carências alimentares e de outro tipo, para assegurar que não há despejos face às dificuldades em cumprir com
as obrigações.
É, portanto, imprescindível que o Governo esteja atento para dar resposta aos problemas sociais,
económicos e de saúde mental.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado André Ventura, do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Este estado de
emergência tornou-se num estado de emergência de propaganda. Aquilo que tínhamos dito, ou seja, que
vacinaríamos os nossos idosos até ao fim de março, mostrou-se uma das maiores falsidades que podíamos
dizer à nossa população.
Veja-se o exemplo da União Europeia, que prometeu vacinar 80% dos idosos até 30 de março e que vacinou
36%. Repito: 36%! Trata-se de números de vergonha da maior parte de governos socialistas ou de direita na
Europa que não devem ser ignorados!
Mas nem aqui conseguimos fazer jus às palavras de António Costa no sentido de que não deixaríamos
ninguém para trás, bem como a birra tremenda que fez para não apoiar aqueles que pagaram impostos com
recibos verdes. Os trabalhadores independentes foram olhados de lado, tratados como bandidos, como se nada
tivessem contribuído nos últimos anos! Foi esse o sentido de não deixar ninguém para trás. Foi esse o sentido
que demos àqueles que trabalharam, pagaram impostos e descontaram durante os últimos anos.
No meio disto, conseguimos fazer melhor: pedimos à polícia que continuasse a trabalhar, mas nem metade
dos seus elementos foram testados! E este Sr. Ministro que hoje aqui está consegue vir a esta Casa dizer que
os polícias estão a ser bem tratados! Pedimos aos tribunais que reabrissem, mas não vacinámos os oficiais de
justiça, como se fossem pessoas menores ou empregados de um deus menor! Pedimos às escolas que
reabrissem, mas não conseguimos testar professores nem alunos!
Vergonha — é aquilo que podemos dizer deste estado de emergência!
Mesmo quando estávamos a lutar pelo País em que acreditamos, percebemos a tragédia que se abateu
sobre nós, com um Governo que não consegue apoiar quem precisa e que deixa para trás aqueles que andaram,
nos últimos anos, a pagar este mesmo Estado.
Mesmo com o risco de que me seja levantada a imunidade parlamentar, vou dizer isto: enquanto o País
estava em estado de emergência, um juiz, num tribunal de instrução criminal, gozava com Portugal e com os
portugueses e passava com um manto muito branco alguém que saía a rir-se do tribunal com milhões nos bolsos
e nada para os portugueses. Enquanto o País confinava e se amedrontava, um juiz gozava com aqueles que,
nos últimos anos, tentaram fazer deste um País melhor.
A Europa olhava-nos incrédula, o mundo olhava-nos sem perceber como é que alguém com tantos milhões
no bolso tinha afinal saído de um tribunal como se nada fosse. O País, em confinamento, olhava incrédulo para
uma decisão de um tribunal que não é Deus nem a Bíblia; deve ser escrutinado, deve ser criticado e devemos
poder apontar-lhe o dedo.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, tem de concluir.
O Sr. André Ventura (CH): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Eu disse, um dia, que José Sócrates não se poderia rir na Ericeira. Agora não é ele que se está a rir, somos
todos nós que estamos a fazer figura de parvos, enquanto outros se riem à saída dos tribunais.
Essa é que é a emergência de Portugal, e era essa que deveríamos ter resolvido!
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, pelo Iniciativa Liberal, tem a palavra o Sr. Deputado João Cotrim
de Figueiredo.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados:
Portugal está dormente. A banalização deste ritual quinzenal de renovação do estado de emergência é apenas