16 DE ABRIL DE 2021
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Não é da Mesa, tem toda a razão. Muito obrigado pela correção,
Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa.
Risos.
Tem a palavra, Sr. Deputado Filipe Pacheco.
O Sr. Filipe Pacheco (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Partido Socialista apresenta este
projeto de lei para prolongar algumas medidas excecionais e temporárias de defesa dos direitos dos estudantes
do ensino superior. E é para toda a comunidade educativa que vão as nossas primeiras palavras, de valorização,
reconhecimento e confiança.
Palavras de valorização e reconhecimento pelo esforço hercúleo diário que estudantes, docentes e não
docentes têm feito para que, num contexto de pandemia, se continue a produzir e a transmitir conhecimento; e
uma palavra de confiança para as instituições que, após a disrupção, souberam conduzir o sistema a um novo
ponto de equilíbrio e estabilidade.
Mas a verdade é que a COVID-19 continua a dificultar todos os dias o percurso académico e o futuro de
muitos jovens do nosso País, dos que querem aceder ao ensino superior, dos que o frequentam e daqueles que
já estão próximos de ingressar no mercado de trabalho. E, apesar do atual processo progressivo de
desconfinamento que estamos a viver, de regresso parcial ao regime presencial, existem ainda inúmeras
situações de atividades letivas à distância, momentos de avaliação online ou impossibilidade de estudantes
comparecerem a aulas ou avaliações por causa de períodos de isolamento.
É por isso que, dada a excecionalidade que vivemos, e à semelhança do que já aconteceu no ano letivo
passado, entendemos que é de toda a justiça que se prolonguem duas medidas de proteção dos direitos dos
estudantes. Por um lado, que todos os estudantes possam ter acesso a todas as fases de exames previstas,
designadamente à fase de época especial. Por outro lado, achamos que o atual ano letivo não pode ser
contabilizado para efeitos dos prazos de prescrição.
Entendemos que é muito importante que estas duas medidas sejam aprovadas já, entrem já em vigor, para
que as instituições se possam preparar atempadamente e para que os estudantes saibam com o que contar e
delas possam beneficiar.
Aplausos do PS.
Sabemos que o futuro do País se joga no ensino superior e é por isso que apresentamos hoje estas
propostas, no sentido de garantir direitos e proteger a confiança dos estudantes e das suas famílias no ensino
superior, na ciência e no conhecimento, como fatores-chave do seu desenvolvimento pessoal e do País.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos à intervenção do Grupo Parlamentar do PCP.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Mesquita.
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em vésperas da reabertura do ensino
superior, em que mais de 395 000 estudantes esperam o regresso às instituições, temos já escolas a informarem
os seus alunos de que, neste ano letivo, não haverá mais aulas presenciais.
A desmotivação e o cansaço de muitos alunos são cada vez mais evidentes, a par do agravamento das
condições socioeconómicas das famílias.
Um inquérito da Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (AAUTAD),
realizado em fevereiro, apurou que 13% dos alunos inquiridos ponderam desistir, caso se mantenha apenas o
ensino online.
No inquérito da Associação Académica da Universidade de Lisboa é referido que 37,5% dos estudantes
inquiridos já ficaram sem almoço ou jantar duas a quatro vezes por semana e que 60% dos alunos se encontram
com dificuldades financeiras e ponderam mesmo abandonar o ensino superior.