29 DE ABRIL DE 2021
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Durante o período a que se refere este relatório, a vacinação teve um crescimento muito significativo,
alargando-se de forma decisiva ao grupo acima dos 80 anos e com o primeiro período de vacinação massiva
de professores do pré-escolar e do 1.º ciclo de ensino básico. Durante este período, foi possível o retorno das
atividades letivas presenciais nas creches, no pré-escolar e no 1.º ciclo do ensino básico.
Neste período também houve uma redução muito significativa de casos, de cerca de um máximo de 600
casos diários para uma média abaixo de 400; houve uma redução significativa de óbitos, que, mesmo assim,
não podemos deixar de lamentar, mas que passaram de mais de duas dezenas, no início do período, para
dois ou três óbitos nos últimos dias; houve uma redução de 35% de internados; houve uma redução de 24%
dos casos ativos; mas, e talvez mais importante que tudo, em duas semanas apenas, houve uma redução de
38% do número de internados em cuidados intensivos, aqueles que determinam uma maior pressão sobre o
Serviço Nacional de Saúde.
As forças de segurança, as câmaras e as autarquias locais, as estruturas de apoio social, mas, sobretudo,
os cidadãos, estiveram conjugados neste grande esforço que permitiu iniciar a libertação da sociedade
portuguesa, permitiu dar espaço de intervenção ao Serviço Nacional de Saúde para curar os doentes e
também para retomar, gradualmente, a resposta em que os portugueses confiam.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Vamos agora passar às intervenções dos Srs. Deputados, por ordem crescente de representatividade.
Em primeiro lugar, tem a palavra o Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo, do Iniciativa Liberal.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Este minuto liberal é hoje particularmente feliz, porque estamos a dois dias de sair de cinco meses e
meio de estado de emergência. Não acabou a pandemia, há muito para fazer, mas o muito que há a fazer
pode agora ser baseado no que as pessoas livre e responsavelmente escolham fazer por si e pelos outros e
não nas imposições de um Estado omnipotente e omnipresente. Dar oportunidade a que sejam as pessoas e
não o Estado a decidir o essencial da sua vida coletiva é a essência do liberalismo.
É altura de discutir que sentido faz manter medidas como a obrigatoriedade do teletrabalho, cuja
reapreciação parlamentar já solicitámos, a limitação arbitrária e sem lógica de horários de comércio, cafés e
restaurantes, a obrigatoriedade de uso de máscaras em espaços públicos amplos ou a proibição de certas
atividades lúdicas e de lazer, em especial aquelas que estão basicamente encerradas há mais de um ano,
como os eventos, os bares e as discotecas.
Alguns verão nesta discussão um tema essencialmente jurídico sobre a extensão dos poderes que a
legislação da proteção civil ou da saúde possam conferir. A Iniciativa Liberal vê nesta discussão uma
oportunidade de discutir de que forma é que Portugal irá iniciar a recuperação social e económica que é da
maior urgência.
E para que os portugueses possam assumir o seu papel central nesta recuperação, o Estado tem de se
focar em fazer o que lhe compete, sem hesitações ou complexos ideológicos. É possível acelerar a
vacinação? É — basta recorrer a todos os que estão habilitados a vacinar. É possível alargar os testes para
retomar a vida normal em segurança? É — basta continuar a cooperação entre laboratórios públicos e
privados que tão bons resultados tem produzido.
Depois de amanhã, Sr. Ministro, Srs. Secretários de Estado, acaba o estado de emergência e começa a
hora de Portugal cuidar do seu futuro.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado André Ventura, do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Sr. Ministro da Administração Interna, o tom que imprimiu ao seu discurso, hoje, nesta Assembleia, ao dizer «eu tive razão, o Governo teve razão, tivemos todos razão» e a
falta de entusiasmo com que o Partido Socialista bateu palmas no final, quase se esquecendo de o fazer,
mostram bem o contrário, ou seja, que não teve razão, afundou o País e não cuidou de quem tinha de cuidar.