19 DE MAIO DE 2021
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reforma que a eles também diz respeito por força das funções que, historicamente, já assumiram e,
inclusivamente, das diferentes representações dos setores das Forças Armadas, por a reforma estar
profundamente entrelaçada com a reposição das carreiras e, também, com o reconhecimento de um futuro pós-
serviço militar, algo que até agora não tem acontecido.
O PAN não irá obstaculizar, por via da abstenção, a descida destas iniciativas, caso insistam na sua votação,
mas esperamos que, na discussão na especialidade, se possa ir mais longe neste desiderato que é, para o País,
tão fundamental.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Reis, do Grupo Parlamentar do PSD.
O Sr. Carlos EduardoReis (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Ministro da Defesa Nacional e sua equipa, Sr.as e Srs. Deputados: Numa democracia jovem como a nossa, ainda longe de festejar o seu primeiro centenário,
conhecemos bem a diferença entre reforma e revolução.
Lembramo-nos de viver ou ouvir como foi ver nascer um regime que permitia mais do que um partido. De
como foi escrever, debater e aprovar uma Constituição que protegia e defendia direitos, liberdades e garantias.
De como foi rever essa Lei Fundamental, democratizando-a, integrando-a no espaço europeu, adaptando-a a
cada tempo, sem esquecer o seu espírito.
Lembramo-nos do primeiro Presidente eleito por sufrágio direto e universal; da sua coragem, dignidade e
conhecimento. Lembramo-nos dos primeiros Governos de base parlamentar. Das forças políticas que fizeram
tudo para esta Casa ser uma morada autêntica da soberania popular, da representatividade do povo, do
pluralismo que o País reunia e reúne.
Temos, portanto, obrigação de saber bem a diferença entre uma revolução — que começa uma história de
novo — e uma reforma, que acrescenta uma nova página a essa história.
A reforma da Lei Orgânica das Forças Armadas merece, pois, ser olhada neste enquadramento. De uma
forma ou de outra, Sr.as e Srs. Deputados, os homens e as mulheres que servem Portugal enquanto militares
responderam sempre, sempre, à chamada da História.
Foi assim em 1974, quando o Movimento das Forças Armadas derrubou um regime que vergava, há mais de
40 anos, um povo à guerra e ao autoritarismo.
Foi assim, nas centenas de operações que integraram, tanto na Aliança Atlântica, quanto na Organização
das Nações Unidas, com desempenhos notáveis e internacionalmente reconhecidos.
E foi assim, ao longo do último ano, no maior desafio coletivo que enfrentámos desde a liberdade, com o seu
voluntarismo e empenho característicos.
Na vacinação, na logística, no transporte, nos hospitais militares, na desinfeção de escolas e lares, os
portugueses viram, em primeira mão, a importância das Forças Armadas na defesa do seu bem-estar e da sua
segurança.
A Sr.ª Ana Miguel dos Santos (PSD): — Muito bem!
O Sr. Carlos EduardoReis (PSD): — Os portugueses encontraram nas Forças Armadas um orgulho que não conheciam e, com a vista que a realidade do momento permite, perceberam o porquê de a Constituição
prever que também elas são agentes de proteção civil.
A Sr.ª Ana Miguel dos Santos (PSD): — Muito bem!
O Sr. Carlos EduardoReis (PSD): — Uma reforma da sua lei orgânica merece, por tudo isso, um debate e um compromisso por parte dos partidos com representação parlamentar.
Sr. Ministro, Sr.as e Srs. Deputados, foi justamente isso que o PSD procurou e procurará proporcionar.
Ninguém é, ou poderia ser, imune a apelos de personalidades como o General Ramalho Eanes ou o Presidente
Aníbal Cavaco Silva.