I SÉRIE — NÚMERO 68
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Protestos do PS.
E os senhores só não tiveram mais tempo! Os senhores não tiveram mais tempo para fazer aquilo que o
País precisava, teve de vir o PSD governar o País sob um memorando que foi negociado e assinado por vós.
Aplausos do PSD.
O Sr. João Oliveira (PCP): — O PSD é que deu a mão ao Sócrates! O PEC 1, o PEC 2, o PEC 3… O PSD era a muleta do Sócrates!
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Morais Soares, do Grupo Parlamentar do CDS-PP.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Morais Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Ministra, Srs. Membros do Governo: Agradeço ao PCP por trazer a Plenário a interpelação ao Governo sobre a defesa dos
direitos dos trabalhadores.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Não tem de quê!
O Sr. Pedro Morais Soares (CDS-PP): — Srs. Deputados, o CDS, como partido humanista, personalista, de matriz democrata-cristã, sempre teve na sua génese a dignidade da pessoa humana, particularmente no
que diz respeito ao trabalho.
Desde 1974, ano da nossa fundação, consta na nossa declaração de princípios, e cito: «Defendemos o
humanismo personalista porque ele é, mais do que qualquer outra ideologia, o melhor caminho através do qual
se procura combater a exploração e a opressão do homem pelo homem». De igual forma, e cito:
«Pugnaremos pela introdução de profundas reformas na Administração Pública e na vida das empresas, que
permitam a cada trabalhador (…) participar plenamente em todos os campos da vida (…)».
Esta introdução de reformas, com vista à concretização destes objetivos, tem sido uma constante do CDS
ao longo de mais de quatro décadas. Neste sentido, se não pretendemos dar lições a nenhum partido, também
não aceitamos recebê-las de nenhum outro.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Ministra, na Constituição da República Portuguesa, no seu
artigo 59.º — Direitos dos trabalhadores, o segundo direito consagrado neste artigo refere, e cito: «A
organização do trabalho em condições socialmente dignificantes, de forma a facultar a realização pessoal e a
permitir a conciliação da atividade profissional com a vida familiar». O direito a esta conciliação tem sido uma
batalha contínua por parte do CDS, pois reconhecemos que é um campo onde existe ainda muito por fazer,
onde é possível fazer muito mais e onde é exigível que todos nós o façamos.
A conciliação da vida profissional com a vida familiar é um dos grandes temas atuais e esta pandemia veio
reforçar ainda mais essa necessidade. Há oportunidades a aproveitar, como a melhor regulação do trabalho a
partir de casa, e problemas a evitar, nomeadamente a dificuldade em se desligar do trabalho, após as horas
contratualmente estipuladas.
Portugal precisa de se modernizar e, efetivamente, liderar através da sua legislação, abrindo espaço para
que as famílias e as empresas possam ajustar entre si melhores soluções para a conciliação entre a vida
familiar e profissional. Não faz sentido que a legislação laboral continue a dificultar tanto o trabalho a partir de
casa, impedindo que alguém possa, em parte do seu horário de trabalho ou em parte da sua semana ou do
ano, trabalhar a partir de casa.
É essencial alterar este estado de coisas, dando mais liberdade e flexibilidade à entidade empregadora e
ao trabalhador para que este possa conciliar efetivamente a vida profissional com a vida familiar, trabalhando a
partir de casa, como parte do seu horário normal de trabalho, smart working, tal como é essencial — e o CDS
já deu entrada de uma iniciativa — consagrar, de forma efetiva, o direito do trabalhador ao desligamento, a fim
de que este não receba chamadas, contactos ou mensagens, salvo em situações de necessidade de
prevenção, em situações urgentes.