O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

21 DE MAIO DE 2021

3

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.as e Srs. Deputados, boa tarde. Vamos dar início à nossa sessão plenária desta tarde.

Eram 15 horas e 5 minutos.

Cumprimento, também, as Sr.as e os Srs. Jornalistas, os serviços de apoio ao Plenário e as Sr.as e os Srs.

Agentes das forças de segurança.

Vamos, então, começar esta sessão com declarações políticas, que constam do primeiro ponto da nossa

agenda de hoje, não havendo avisos a fazer ao Plenário.

A primeira declaração política cabe ao Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda e, para o efeito, tem a

palavra o Sr. Deputado Fabian Figueiredo.

O Sr. Fabian Figueiredo (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em 1949, o Conselho de Segurança das Nações Unidas reconheceu Israel como um Estado amante da paz, que estava capacitado para cumprir as

obrigações consignadas na Carta da ONU (Organização das Nações Unidas).

Setenta e dois anos após a adoção desta resolução e num momento em que decorre mais uma violenta

agressão do Estado de Israel à Faixa de Gaza, é mais do que tempo suficiente para a comunidade internacional

se perguntar se tem sido o amor à paz e o respeito pelo direito internacional a conduzir a política externa do

Estado de Israel. Acima de tudo, é mais do que tempo suficiente de não ter medo da resposta.

Comecemos pelas perguntas:

É o Estado de Israel acusado de crimes de guerra? A resposta é: sim!

Está, por isso, o Exército Israelita a ser investigado pelo Tribunal Penal Internacional? A resposta é: sim!

É o Estado de Israel acusado de instaurar um regime de apartheid e de perseguição sistemática a minorias

étnicas e ao povo palestiniano por organizações dos direitos humanos creditadas junto da ONU e pela própria

União Europeia? A resposta é: sim!

É o Estado de Israel acusado de limitar a liberdade de imprensa, manipulando a imprensa estrangeira para

fins militares e destruindo os seus escritórios na Faixa de Gaza? A resposta é: sim!

É o Estado de Israel responsável por bombardeamentos a infraestruturas civis na Faixa de Gaza, como

hospitais, estações de tratamento de água, escolas ou abrigos para refugiados? A resposta é: sim!

É o Estado de Israel responsável pela instalação, manutenção e expansão de colonatos ilegais em território

palestiniano, condenados pela União Europeia e pela ONU? A resposta é: sim!

É o Estado de Israel responsável pelo julgamento em tribunais militares e o encarceramento em massa de

crianças palestinianas? A resposta é: sim!

A exposição destes factos obriga-nos a um julgamento consequente: o Estado de Israel tem promovido uma

política contínua de máxima agressão política e cultural contra a Palestina e o seu povo, procurando, por todos

os meios, impossibilitar a criação de um Estado soberano da Palestina.

Para esse fim, pôde contar, ao longo das últimas décadas, com a passividade, a ambiguidade e a inação da

comunidade internacional.

Infelizmente, o Governo português não tem sido exceção. A posição expressa pelo Ministério dos Negócios

Estrangeiros, na semana passada, insistindo numa suposta equidistância entre Israel e Palestina, contribuiu

para o coro legitimador da escalada da violência contra a Faixa de Gaza e o agravamento da crise humanitária.

O Sr. Jorge Costa (BE): — Muito bem!

O Sr. Fabian Figueiredo (BE): — Num genocídio, numa limpeza étnica, numa ocupação militar, não há um confronto entre partes iguais: há um exército sofisticado, de um lado, e um povo que, estoicamente, não abdica

do seu direito a existir, do outro.

Este é o tempo de resgatar a memória da ocasião em que a nossa democracia e a autodeterminação de

vários povos se irmanaram. Este é o tempo de lembrar um País que se levantou inteiro pela autodeterminação

de Timor-Leste e que fez disso um dos momentos mais nobres da nossa vida coletiva.

Foram escolhas definidoras que fizemos, então. É, de novo, a coragem de uma escolha que está diante de

nós, face ao que está a acontecer na Palestina. Essa escolha corajosa é a da condenação sem tibiezas dos