I SÉRIE — NÚMERO 74
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Sr.ª Ministra, insistiu neste debate que o Bloco não colocou a cultura no centro das negociações orçamentais.
Seria melhor que fosse distração, mas não é. A Sr.ª Ministra parece não compreender que a cultura é feita de
trabalhadores e trabalhadoras, que discutimos trabalho e proteção social quando falamos de cultura e que
discutimos cultura quando falamos de trabalho e proteção social.
Pela nossa parte, insistimos: do trabalho à orgânica dos museus, da distribuição das receitas das plataformas
de streaming à Rede de Teatros e Cineteatros, da situação dos arquivos e bibliotecas aos apoios às estruturas
independentes, o debate da política cultural é vasto e não é nem será determinado pela agenda de anúncios da
Ministra da Cultura, mas pela exigência democrática do cumprimento do imperativo constitucional de acesso à
cultura.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para encerramento do debate, em nome do Governo, tem a palavra a Sr.ª Ministra da Cultura, Graça Fonseca.
A Sr.ª Ministra da Cultura: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Começo por agradecer este debate. É sempre bom discutirmos política cultural e é, certamente, um contributo que levaremos, espero, para o próximo
ciclo que se avizinha e para preparar o ano de 2022.
Ao longo deste debate, disse, como quando aqui estivemos há cerca de um mês, que o Governo tem uma
política cultural clara, que está definida no Programa do Governo e temos vindo a cumprir o Programa do
Governo passo atrás de passo, e sempre com a noção muito clara de que, quando em março de 2020 o mundo,
e Portugal, foi atingido por uma pandemia, não podia, de forma nenhuma, deixar de dar resposta àquele
momento. O pior, ou quase tão mau, que poderíamos ter feito era ter desistido de trabalhar para o futuro. Isso,
nunca fizemos! Trabalhámos sempre para dar resposta ao momento e para o futuro.
Aplausos do PS.
Era fácil termo-nos focado apenas no momento, era muito fácil, mas não o podíamos ter feito. E, por isso,
aprovámos um conjunto de diplomas estruturantes para o futuro, certamente com espaço para melhorar e o
diálogo enriquecerá, com certeza, todas as propostas que fizemos. Claro que sim! Mas aprovámos, fizemos,
estão em curso. Ainda este mês, abre o processo de credenciação da Rede de Teatros e Cineteatros e, em
setembro, abrirá o programa de apoio financeiro aos teatros e cineteatros para este primeiro período.
Há três pilares muito importantes de qualquer política cultural. Primeiro: mais investimento. Este aumento do
investimento é muito importante, mas não funciona sem os outros dois pilares. Já lá vamos.
Em relação ao investimento, entre 2018 e 2021, o orçamento da cultura, sem contar com a comunicação
social, aumentou 100 milhões de euros. Até hoje, o orçamento da cultura aumentou 46%, o que contrasta
dramaticamente com os 35% de corte que o PSD fez…
Aplausos do PS.
… numa altura difícil para o País, em que deixou a cultura para trás, cortando 35% no investimento e não
havendo, sequer, num ano, pela primeira vez em muitos anos, concursos para apoiar o cinema em Portugal.
Isto, sim, Srs. Deputados, é a marca do PSD na cultura: o corte de 35% e o abandono do setor, numa altura
muito difícil, em que o País também vivia uma situação difícil. Esta é a marca da diferença! Perante a crise, o
Governo do Partido Socialista reage e reforça, com 250 milhões de euros, em apenas 12 meses, o apoio a um
setor muito atingido. Durante 12 meses, um setor muito atingido foi apoiado com 250 milhões de euros. Esta é
a diferença entre o PS e o PSD, e assim será sempre.
Aplausos do PS.
Mas há mais, e muito importante, Srs. Deputados: mais investimento significa mais verbas no Orçamento do
Estado, significa dar apoio financeiro ao setor numa altura difícil e significa alocar, para os próximos cinco anos,
243 milhões de euros para apoiar o setor cultural em todas as suas diferentes dimensões, com o PRR. E sabem