3 DE JUNHO DE 2021
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conservação do património histórico se efetuassem de acordo com as hierarquias e a prioridade, com base
numa efetiva monitorização do estado de conservação do mesmo — não cumprido! Era a promoção de um
inventário do património cultural imaterial em Portugal e do património imaterial português existente no mundo
— não cumprido!
Chegámos ao Programa do Governo de 2019 e estamos a atingir metade do mandato. Era a criação do
museu nacional da fotografia e a instalação de dois núcleos no território nacional, mas, em 2020, o Governo
criou, à boa moda socialista, um grupo de trabalho. Era a campanha «Um Cidadão, Um Euro» para o património
cultural — não cumprido! Era a programação de música, teatro e artes nos hospitais e nos estabelecimentos
prisionais — não cumprido! Era a criação de uma bienal cultural infantil para promover a inclusão pela arte —
não cumprido! Era a implementação da conta satélite da cultura — não cumprido! E a mãe de todas as fantasias:
2% da despesa discricionária prevista no Orçamento do Estado era para a cultura. Alguém acredita?
Mas há mais exemplos de medidas e projetos anunciados há anos. A rede de teatros e cineteatros
portugueses foi aprovada em 2019, mas só agora, no dia 22 de abril, surgiu a regulamentação para que haja
decisões em 2022, apenas apoiando 25 estruturas na primeira fase. A instalação do Museu Nacional da Música
no Palácio Nacional de Mafra vem desde 2018, mas só no mês passado foi anunciado que ia haver obras para
receber visitantes, sabe-se lá quando, talvez em 2023. Quanto ao Arquivo Nacional do Som, há local para o
instalar? Qual é a data de abertura? Para quando a transferência do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e
Subaquática? Para quando? E o centro Saber Fazer? Quando? Quando? Enfim, estávamos aqui toda a tarde.
Sr.ª Ministra, chegados ao início de 2020, altura em que o País entrou em estado de emergência, a
intervenção do Ministério da Cultura teve dois momentos, ambos lamentáveis. Num primeiro momento, de forma
totalmente insensível, alijou responsabilidades, remetendo os profissionais da cultura para o Ministério da
Economia e para as chamadas «medidas transversais», que bem sabia serem insuficientes e, em muitos casos,
inaplicáveis a estes destinatários. Mas, pior, quando esmagada pela realidade e pelo clamor levantado pelo
setor e por todos os partidos com assento parlamentar, fez sair, de forma desordenada, algumas medidas
incoerentes, não abrangentes e tardias, conforme a realidade tem vindo a confirmar e que desmentem o anúncio
do Ministério da Cultura de que seriam urgentes, coerentes e não deixariam ninguém para trás. É a tal
«universalidade» desmentida pela realidade.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente. Segundo o estudo Barómetro Gerador Qmetrics 2021, e no que toca à cultura, os portugueses são altamente
críticos, sendo que 72% desaprovam a atividade do Governo nesta área.
Assim sendo, ao fim de seis anos de governação socialista, a cultura não é o eixo central de desenvolvimento
e a desilusão do tempo que já passou tira-nos otimismo para o tempo que aí vem.
Definitivamente, também na cultura, este não é o Governo de que Portugal precisa.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Inscreveu-se, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada Sara Velez, do Grupo Parlamentar do PS. O Sr. Deputado Paulo Rios de Oliveira não dispõe de tempo para responder, mas a Sr.ª
Deputada, se quiser, pode formular o seu pedido de esclarecimento.
Pausa.
A Sr.ª Deputada Sara Velez prescinde do seu pedido de esclarecimento.
Sendo assim, para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rosário Gambôa, do Grupo Parlamentar
do PS.
A Sr.ª Rosário Gambôa (PS): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra da Cultura, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs. Deputados: A cultura é o alicerce da democracia — o que já foi muitas vezes aqui repetido —, da
diversidade, da liberdade de expressão e participação, da coesão social, abrindo os horizontes à convivência e
diálogo ente culturas. E a cultura tem também um valor económico.