I SÉRIE — NÚMERO 77
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Todos os projetos devem ser aprovados? Claro que não! É para isso que existem avaliações de impacte
ambiental. É na avaliação de impacte ambiental que se percebe se os impactos são ou não mitigáveis, sendo
que haverá, certamente, projetos muito polémicos que serão aprovados e haverá outros que podem não ser,
de todo, polémicos e que serão chumbados.
Não cabe ao Governo, nem a este nem a nenhum, definir previamente quais são os projetos aprovados ou
não aprovados; o que cabe ao Governo é criar condições para que eles possam ser devidamente avaliados.
Temos ouvido muita coisa sobre painéis fotovoltaicos que não faz qualquer sentido. Dizem que os painéis
fotovoltaicos provocam aquecimento local! Ora, a radiação é toda absorvida, pelo que os painéis fotovoltaicos
se há coisa que não provocam é calor e aquecimento global. Dizem também que se houver painéis em certos
territórios não há mais nada. É falso! Há vários projetos em funcionamento em Portugal e até sabemos que um
senhor, que tinha a sua herdade, viu o seu número de ovelhas aumentar porque a erva melhorou devido aos
painéis que podem criar sombreados.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Secretário de Estado.
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Energia: — Se os projetos forem bem desenhados, se a
avaliação ambiental for adequada, sim, é inteiramente possível compatibilizar projetos de larga escala com a
defesa da biodiversidade e a defesa da natureza.
Para terminar, gostaria de dizer que o País aposta na produção descentralizada de pequena, média e
grande dimensão. O País precisa de todo esse tipo de produção! É uma ilusão pensar que podemos dispensar
grandes parques e é uma ilusão ainda maior pensar que a multiplicação de pequenos parques tem um impacte
ambiental menor do que os grandes parques, pela razão que o Sr. Deputado apontou: a multiplicação de
linhas é, muitas vezes, aliás, o maior impacte ambiental dos projetos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Passamos agora às questões do PSD.
Tem a palavra o Sr. Deputado Hugo Carvalho.
O Sr. Hugo Martins de Carvalho (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr. Ministro, até
tive pena do seu insulto ao Bloco de Esquerda, porque o Bloco de Esquerda deveria ter tido a oportunidade,
no início, de falar sobre os preços da energia. É que começou o ano a rasgar as vestes, pedindo ao Sr.
Ministro para rasgar contratos e pedindo ao Parlamento para anular e revogar o Decreto-Lei n.º 35/2013,
quando ele está hoje a proteger os consumidores de pagarem os preços de mercado. Provavelmente, 2021
ficará marcado como o ano em que os preços de eletricidade no MIBEL (Mercado Ibérico de Eletricidade)
foram os mais caros.
Isso decorre, Sr. Ministro, e concordará comigo, com certeza, de uma coisa que se chama «política
climática». Portanto, os preços do carbono estão a ser refletidos, sim, no preço da energia. E só temos uma
coisa a fazer para inverter isso: a aposta na energia renovável.
Os números do Eurostat e da DGEG (Direção-Geral de Energia e Geologia) dizem que a incorporação de
energia renovável no consumo final de energia era, em 2015, de 30,5% e, em 2019, era de 30,6%. Imagine,
Sr. Ministro, que o Deputado Hugo Pires, ou o Partido Socialista, tinha feito um gráfico a ilustrar isso. Seria um
gráfico mais ou menos assim, com os valores de 30,5% e de 30,6%.
O orador exibiu um gráfico.
Este gráfico podia ter sido feito pelo PS ou até pelo Chega. Aliás, se tivesse sido feito pelo Deputado Nuno
Fazenda, o 30,6% passava a 60%, com certeza e estaria enganado! O gráfico correto será este, Sr. Ministro.
O orador exibiu um outro gráfico.