17 DE JUNHO DE 2021
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O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro do Ambiente e da Ação
Climática.
O Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática: — Sr. Presidente, Sr. Deputado, «forrar» é uma triste
metáfora que VV. Ex.as utilizam para classificar tudo aquilo que são as intenções e os projetos concretos para
fazer uma coisa que o PSD abomina, que é a descarbonização da sociedade.
Sr. Deputado, no nosso Ministério fazemos muitas coisas, mas não dragamos barras no Algarve, não está
mesmo a apontar para mim. V. Ex.ª ainda não captou bem como é a orgânica do Governo e dos seus
serviços. É que, de facto, isso não é mesmo connosco, o senhor enganou-se no interlocutor.
Sei muito bem o que fizemos no Alvor, sei muito bem a quantidade de areia que retirámos de dentro da ria
de Alvor e que pusemos nas praias e a forma como reforçamos as praias, nomeadamente a praia dos Três
Irmãos e a do Alvor. Isso é coisa que, afinal, não o preocupa em nada e quer apenas fazer dragagens, que
certamente serão muito justas, mas não é mesmo connosco que têm de ser feitas.
Sr. Deputado Rui Cristina, estou à espera de que o Sr. Deputado tenha mesmo um gesto, porque já é a
terceira vez que o oiço falar sobre o plano de eficiência hídrica do Algarve e acho que o senhor deve ter a
hombridade, depois de dizer aquilo que disse, de tentar, pelo menos, fazer aprovar, nesta Assembleia, uma
recomendação ao Governo para que os 200 milhões de euros que estão destinados no PRR à eficiência
hídrica do Algarve não sejam aprovados. O senhor tem mesmo de fazer isso, para poder ser coerente com
aquilo que tem vindo a dizer.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Ministro.
O Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática: — Ser capaz de rejeitar 200 milhões de euros de
investimento para o Algarve, previstos no PRR, que não estão previstos para mais nenhuma região do País,
da forma como o senhor faz!? Sr. Deputado, seja coerente — os algarvios avaliá-los-ão, a si e ao seu partido
— e diga «nós não queremos este investimento no Algarve!»
Aplausos do PS.
Protestos do Deputado do PSD Rui Cristina.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Vamos, agora, passar ao Bloco de Esquerda. Tem a palavra o Sr.
Deputado Nelson Peralta.
O Sr. Nelson Peralta (BE): — Sr. Presidente, Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática, quero
recuperar o debate sobre a lei das minas, para começar por aquilo que ficou claro. Ficou claro aquilo que o
Bloco de Esquerda quer fazer: quer alterar a lei para proibir novas minas em áreas protegidas, para introduzir
uma moratória de 10 a 20 anos à mineração em espaço marítimo e para reforçar os mecanismos de
participação pública. Isto ficou claro.
Ficou também claro que esta atuação do Bloco de Esquerda, a apreciação parlamentar, em nada impede a
lei de estar em vigor. Mas o Sr. Ministro, esta semana, certamente mal-informado ou, pelo menos,
desconhecendo os procedimentos legais, disse que isto iria atrasar a entrada em vigor da lei — é falso! Mas
as palavras do Sr. Ministro foram muito, muito importantes, porque dizia o Sr. Ministro que esse eventual
atraso da entrada em vigor da lei significaria que era um favor, que era proteger os arrivistas e os garimpeiros.
Pois bem, o seu Ministério atrasou a entrada em vigor desta lei em seis anos, pelo que a única conclusão
lógica das suas próprias palavras é a de que o Ministério do Ambiente, durante seis anos, andou a proteger os
garimpeiros em Portugal.
De facto, o Bloco de Esquerda e os ambientalistas pediram, desde sempre, uma lei verde, não pediram foi
esta lei «via verde às minas».
Quero, ainda, fazer uma pergunta concreta, sobre uma parte que não ficou clara no debate. O Sr. Ministro
escandalizou-se, indignou-se, quando o Bloco de Esquerda disse que esta lei abre a porta a novas minas nas
áreas protegidas. Bem, então, é muito simples: se acha que não é para abrir a porta a novas minas em áreas
protegidas, se acha que as áreas protegidas devem estar protegidas, apoie, então, a proposta do Bloco de