I SÉRIE — NÚMERO 77
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Esses projetos estão, agora, uns já em construção e outros na fase final do licenciamento. Mas há uma
coisa de que pode ter a certeza, Sr. Deputado: a entrada em funcionamento de cada projeto do leilão que nós
desenhámos — nós desenhámos! — vai garantir enormes poupanças para os consumidores pelas razões que
disse, muito mais do que o decreto-lei que o Sr. Deputado referiu. É que o decreto-lei que o Sr. Deputado
referiu tinha preços de 74 € por MWh a 94 € por MWh. Sabe o que é que aconteceu com esse decreto-lei, Sr.
Deputado? Nós baixámos as tarifas desse decreto-lei e já não serão de 74 € por MWh, mas de 66 € por MWh.
E, portanto, sim, com a nossa medida de revisão desse decreto-lei, agora, sim, os portugueses vão ter
poupanças.
Neste momento, Sr. Deputado, os leilões que fizemos, a redução das tarifas desse decreto-lei, a garantia
de que projetos fora do leilão são todos custeados pelos investidores que pagam também a rede são a melhor
garantia de que os consumidores de eletricidade poderão ter preços mais baixos nos próximos anos.
E também lhe digo, Sr. Deputado, e aí dou-lhe razão: a ideia de revogar o Decreto-Lei n.º 35/2013, de 28
de fevereiro, proposta pelo Bloco de Esquerda, teria sido um desastre, não exatamente pelas razões que o Sr.
Deputado refere, mas por argumentos utilizados por quase todos os Deputados, aqui presentes, nas
comissões de inquérito.
De facto, durante anos, as chamadas «rendas das eólicas» eram entendidas como um custo; hoje, como
temos quase 6000 MW de eólicas com tarifas garantidas que vão baixar significativamente, hoje, dizia, as
tarifas garantidas das eólicas são a melhor garantia de seguro contra a subida dos preços da eletricidade.
Quando o carbono sobe, sobe em todos os países da Europa — na Polónia, em Portugal, em Espanha, em
França, em todos — e, em todos os países, o preço da eletricidade sobe. Mas no país onde há um segundo
efeito, que é o sobrecusto da PRE (Produção em Regime Especial), as chamadas «rendas das eólicas» vão
desaparecer praticamente no ano de 2022 e vão ter o efeito contrário ao que tiveram até agora, e vão baixar
os custos da eletricidade.
Portanto, Portugal, nos Governos do Partido Socialista, por ter investido como investiu nas eólicas, garante
hoje uma coisa que a generalidade dos países europeus não tem: a proteção para as famílias e para as
empresas da subida desenfreada de preços da eletricidade que, neste momento, é um fenómeno europeu.
Porém, Portugal, ao contrário de outros países, por medidas do Partido Socialista, pela política energética
do Partido Socialista, tem um seguro que vale muito dinheiro para os consumidores e para as famílias
portuguesas.
Nesta política, Sr. Deputado, nunca o ouvi elogiar os leilões do solar, mas ficava-lhe bem dizer que não há
melhor seguro e garantia de apropriação de rendas do solar do que os leilões que fizemos. E isso nunca o ouvi
dizer. Mas, independentemente do que o senhor diga, Sr. Deputado, no momento em que cada um desses
parques entrar em funcionamento, todos os portugueses, empresas e famílias, quando olharem para a sua
tarifa energética, saberão a quem devem a descida dos preços da eletricidade.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Continua o Grupo Parlamentar do PSD no uso da palavra, desta vez,
pela voz do Sr. Deputado Hugo Patrício Oliveira.
O Sr. Hugo Patrício Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Secretários de Estado: Sr.
Ministro, em primeiro lugar, deixe-me dizer-lhe que fiquei triste porque pensei que o seu filme preferido seria O
Pátio das Cantigas.
Sr. Ministro, a transição energética, apregoada pelo Governo, desvaloriza os seus impactos ambientais e
sociais. Ao nível dos instrumentos de gestão territorial, e até do planeamento regional, tem uma inércia
absoluta. Vemos apenas projetos, de diversos tipos, a surgirem espalhados pelo território como se fossem
cogumelos.
Por exemplo, precisamos de centrais solares para descarbonizar a nossa economia, sim. Mas temos de ser
capazes de evitar conflitos de uso do solo, de proteger a biodiversidade e de garantir que a rápida expansão
das infraestruturas não vira contra elas as populações locais.