19 DE JUNHO DE 2021
5
Nestas situações a questão é sempre a mesma: saber se, para realizar um evento, político ou não, num dia,
ou para ganhar uns dias por antecipação, não se corre o risco de perdermos meses ou mesmo todo o verão,
tão importante para o nosso turismo e para a restauração.
É necessário um plano claro e que o Governo estabeleça regras, metas e objetivos para a própria
recuperação económica, como é necessário garantir, mais uma vez, que ninguém fica para trás.
Do ponto de vista social é preciso ajudar sustentadamente famílias e empresas em dificuldades e apoiar, de
forma consistente, a economia social, que é a principal parceira, indispensável para o desenvolvimento local.
O terceiro setor não pode ser esquecido nem pode sofrer atrasos, porque é fundamental para este objetivo
de recuperação. De outra forma, o Governo continuará a atribuir as culpas aos portugueses, aos turistas, aos
jovens, ao clima ou às variantes!
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, peço-lhe para concluir.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Estou mesmo a terminar, Sr. Presidente.
O Governo falhou no pós-estado de emergência. A culpa não é dos portugueses, mas, sim, da ausência de
planeamento, de regras claras e da capacidade de as fazer cumprir.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, o tempo vai ser-lhe descontado no período de debate…
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Se queremos evitar um retrocesso ainda maior é isso mesmo que é
preciso mudar.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, em nome do Governo, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado
Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales.
Faça favor, Sr. Secretário de Estado.
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Saúde (António Lacerda Sales): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Deputados: No período excecional em que vivemos, os dias tornaram-se anos e os meses tornaram-se décadas.
Passaram-se apenas 15 meses, mas talvez os mais longos das nossas vidas.
Os tempos que vivemos ficarão cravados na História, como o tempo da ciência na corrida por uma resposta
global. Mas também ficará marcado pelas pequenas histórias individuais: da luta hercúlea dos cidadãos ao
constante sacrífico dos profissionais de saúde, passando também pelo trabalho exigente de quem legisla e
implementa políticas públicas, num tempo sem paralelo na nossa memória coletiva.
A pandemia provocada pela doença COVID-19 transformou profundamente a vida da sociedade
contemporânea: a forma como nos relacionamos uns com os outros, os cuidados de segurança e higiene que
individualmente tivemos de adotar, os projetos pessoais que ficaram por cumprir, as prioridades que tiveram de
ser redefinidas e a difícil tarefa de proteger os mais vulneráveis e os mais expostos ao risco.
Os relatos que diariamente recebemos são elucidativos sobre a dimensão dos efeitos deste fenómeno.
Todos estamos conscientes da difícil tarefa que nos foi inesperadamente imposta por esta emergência
sanitária que, infelizmente, ainda permanece na comunidade. Já todos sabemos, igualmente, que nada ficará
como dantes, mas o futuro será garantidamente melhor do que o presente que vivemos.
Nestes longos meses que contamos de resiliência coletiva muito foi o que vimos, ouvimos e lemos. Anunciou-
se o colapso do Serviço Nacional de Saúde (SNS), proclamaram-se resultados matemáticos desanimadores,
apregoou-se a falta de capacidade das estruturas de saúde e contaminou-se a população com notícias artificiais,
que apenas servem os que se alimentam do medo. Nunca desistimos.
Aplausos do PS.
E sempre que necessário recomeçámos a cada momento, com humildade, sentido de responsabilidade e
reconhecimento pela dimensão dos desafios que tínhamos em mãos.