8 DE JULHO DE 2021
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é entre aqueles que procuram o prémio de «amigo mais querido dos patrões e administradores do Grupo Altice»,
de «guarda-costas do mês» ou de «protetor mais incansável dos que pretendem despedimentos fora da lei».
Dizia-se aqui que há uma semana debatemos o tema do combate à precariedade, aliás, isso foi dito há pouco
pelo PS e por outros Srs. Deputados, mas esse debate foi agendado pelo PCP. É particularmente significativo
que, na mesma tarde do dia 30, na semana passada, tenha ocorrido aqui, na Assembleia da República, a
audição das organizações dos trabalhadores da PT/MEO e o debate agendado pelo PCP, precisamente sobre
o Código do Trabalho e as alterações que propusemos para defender os trabalhadores portugueses face a essa
praga que está a acontecer dos despedimentos coletivos.
É que despedir é mais fácil, mais barato e, pelos vistos, dá milhões! Hoje, as regras de despedimento
continuam a deixar nas mãos do patronato o poder para despedir quando quiser e quem quiser!
O que propusemos foi a limitação de critérios para o despedimento coletivo, a revogação do despedimento
por inadaptação, a eliminação do despedimento sempre que exista posto de trabalho compatível com a
colocação de trabalhadores, que é exatamente o caso que aqui está, sendo que, para já, mesmo com o que
está em causa, é claramente ilegal, inaceitável e criminoso o processo de despedimento coletivo com que a
Administração da Altice está neste momento a chantagear os trabalhadores e o próprio Estado português. E o
próprio Estado português!
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Aliás, Srs. Deputados, é curioso ouvir falar em diálogo social e em negociação entre as partes quando há um patrão que apresenta uma declaração de guerra aos trabalhadores sem
comparação até hoje, com a humilhação e a provocação que estão a ser feitas aos trabalhadores da PT/MEO.
Já foi aqui dito, mas nós não podemos deixar de observar: desde o dia em que foi anunciado o despedimento
coletivo por parte da Altice, ainda não ouvimos o Governo pronunciar-se sobre esta matéria. Nem uma palavra
até agora! Já o debate vai a mais de meio e continuamos a aguardar que o Governo diga uma palavra sobre
esta matéria. Mas, mais do que as palavras que venham a ser ditas, o que importa são as ações e o trabalho
que seja efetivamente feito para travar este crime que está a acontecer.
O que é que nos preocupa? O que nos preocupa é que o Governo volte a responder com a mesmíssima
frase com que responde milhares de vezes à Assembleia da República quando matérias como esta são
suscitadas. E passo a citar uma resposta do Governo: «Em resposta à pergunta do PCP, encarrega-me a Sr.ª
Ministra do Trabalho de transmitir que a situação sinalizada foi reportada à ACT e está a ser objeto de
acompanhamento por aquela entidade, que assegurará o cumprimento da legislação laboral.»
Espero que não seja isto que o Governo tenha para nos dizer hoje, porque o que neste momento já é
preocupante é o sepulcral silêncio dos responsáveis governativos num processo que é ele próprio o testemunho
de uma operação de chantagem ao Estado português. Quando os trabalhadores são usados como escudo
humano, como arma de arremesso, como peça de chantagem em relação a interesses políticos e económicos,
é inaceitável que durante todo este tempo o Governo fique calado.
Nós dizemos, hoje, mais uma vez, o que dissemos em 2017: quem está a mais na PT não são os
trabalhadores, quem está a mais na PT são os abutres que se apropriaram desta empresa estratégica para o
País, que estão a desmantelar esta empresa estratégica e a vendê-la às peças, como estamos a verificar. E é
inaceitável que impunemente continuem a ter esta intervenção aqueles que prejudicam o interesse público e o
interesse nacional!
É imperioso salvaguardar, desde logo, a defesa do emprego com direitos, a defesa do cumprimento da
legislação nacional, a defesa e o cumprimento da Constituição, mas também a defesa do interesse estratégico
do nosso País, e é aí que entra a questão central da propriedade, titularidade e controlo desta empresa.
Aplausos do PCP e do PEV.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado André Ventura, do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Hoje, o Sr. Deputado José Luís Ferreira conseguiu inovar no debate. À culpa atribuída ao Passos sucedeu a culpa atribuída ao Cavaco Silva. Estamos