22 DE JULHO DE 2021
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período de descoberta à distância, dos jovens que perderam o seu emprego — um em cada cinco — e que
enfrentam, hoje, quatro vezes mais desemprego que o resto da população.
São os mesmos jovens que já tinham de encarar empregos precários, baixos salários, rendas altas. São os
mesmos jovens que enfrentam pior saúde mental e um futuro ameaçado pela emergência climática.
Sr. Primeiro-Ministro, sabemos que não se esqueceu dos jovens na resposta a esta crise, como não o havia
feito antes. Não optou pela austeridade, não impôs a desvalorização interna, não apelou à emigração.
Os estudantes têm hoje mais bolsas e menos propinas. As bolsas são majoradas consoante o custo da
habitação e atribuídas, automaticamente, a quem já era bolseiro.
Aplausos do PS.
Há mais estágios remunerados para os jovens, há mais apoios à contratação, o que permite que o
desemprego jovem se fique pelos 27% e não pelos 40% de outra altura. Os jovens pais têm mais creches, e
gratuitas para o 1.º e o 2.º escalões de ação social escolar.
Aplausos do PS.
O Sr. Duarte Marques (PSD): — Onde é que estão?
O Sr. Miguel Matos (PS): — Os estudantes em estágio clínico foram priorizados na vacinação. As pessoas LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero) passaram a poder dar sangue. Na saúde mental, foram
reforçadas as respostas. Antecipámos em nove anos o encerramento das centrais a carvão, acelerando a
descarbonização que é mesmo a garantia do futuro de todos nós.
Esta é a marca de um Governo reformista, que investe em transportes públicos melhores e mais baratos…
O Sr. Pedro Morais Soares (CDS-PP): — Onde?
O Sr. Miguel Matos (PS): — … e em habitação digna e acessível, que combate a precariedade e recupera o rendimento de famílias e empresas, que promove a inovação e o empreendedorismo.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, a melhor garantia de que os jovens encontram em Portugal o seu futuro é
convergirmos com a Europa, na economia, nos salários. Nos últimos 30 anos, com exceção de um, Portugal
convergiu com a Europa apenas com Governos socialistas, com reformas que promovem o emprego digno, a
inovação, as qualificações.
É um caminho longo, duro e por terminar. E é por isso que lhe pergunto: como é que vamos continuar a
convergir com a Europa, Sr. Primeiro-Ministro?
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Também para um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, o Sr. Primeiro-Ministro veio fazer uma intervenção que, resumida, parece um pouco aquela música do «agora é
que é». Isto porque nós vamos vendo cada uma das propostas em concreto que o Governo veio apresentar
hoje, e muitas delas já eram previstas, até, antes da pandemia.
Veja-se o exemplo concreto da área da saúde. Disse o Sr. Primeiro-Ministro: «Agora é que é, vamos
contratar, este ano, 4400 profissionais para o SNS». Acrescento: já tínhamos contratado mais 4000, em 2020,
e isso decorre de um acordo, com o Bloco de Esquerda, em 2019, ainda nem o Governo, nem nenhum de nós,
aqui, nesta Câmara, sonhava que pudesse existir uma pandemia.
Por isso, à pergunta «o que é que a pandemia mudou no Serviço Nacional de Saúde?», respondemos que
mudou muito. O que não mudou foi a intenção de contratação do Governo para, primeiro, garantir os cuidados