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I SÉRIE — NÚMERO 90

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É certo que houve milhares de trabalhadores em toda a administração — dos hospitais às escolas, da

segurança social aos militares que apoiam a logística das vacinas — que têm feito um imenso trabalho para que

as coisas funcionem, e é também certo que a crise é dura e não há soluções fáceis.

Sabemo-lo bem. E, como bem sabe, o Governo e o País, nunca regateámos solidariedade com as medidas

e as soluções difíceis que este tempo exigiu, mas o Governo enredou-se em respostas de curtíssimo prazo e

mesmo contraditórias.

Hoje, olhamos para o ano que foi e para o que será, e o Governo parece pouco disponível para outro fôlego,

outra política. Não se conhecem novas propostas e o Governo decidiu iniciar o próximo ciclo mantendo um

conjunto de ministros, cujos mandatos se arrastam, sem capacidade de fazer as mudanças necessárias.

O Ministro do Ambiente está marcado pelo descrédito devido à sua transigência com a fraude da EDP no

negócio das barragens. Desde o inexplicável silêncio sobre o assassinato de Ihor Homeniuk, o Ministro da

Administração Interna já só se livra de um caso quando se mete noutro. A Ministra da Segurança Social acumula

confusões e omissões no apoio aos trabalhadores afetados pela crise.

Dirão os analistas que governar em pandemia provoca desgaste. Não é de esperar outra coisa, mas a única

forma de compensar esse desgaste é impor sempre o critério do interesse público e responder pelo País. Esse

mesmo País que, no momento em que enfrenta a crise sanitária, social e económica, ouve, incrédulo, os relatos

dos grandes devedores da banca que assaltam os cofres do Estado. Esse País que vê o Governo continuar a

injetar dinheiro no Novo Banco, insistindo num caminho que tinha sido recusado aqui, no Parlamento, pelo

Orçamento do Estado.

A vida demonstrou que uma resposta tímida não vence a crise. E esta é a primeira lição da pandemia: uma

governação de curto prazo não responde à mais longa pandemia das nossas vidas.

É por isso que, no momento em que debatemos o estado da Nação, temos de nos perguntar se o País pode

contentar-se com uma política de mínimos, que adia as soluções e as respostas aos mais frágeis ou se, pelo

contrário, vamos à luta pelo investimento que vence a crise. Pela nossa parte, nunca hesitamos: salário e saúde,

dignidade e respeito. É isso que nos move.

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Tiago Barbosa Ribeiro, do Grupo Parlamentar do PS.

O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, falou de vários temas, devo dizer que não partilhamos da sua visão, que é a sua, em relação a várias áreas, mas gostaria de me focar

especialmente na dimensão social.

O estado da nossa Nação, como o de todas as nações do mundo, tem sido marcado, ao longo do último ano

e meio, pela pandemia e pelos tempos excecionais que fomos e estamos a ser obrigados a viver.

Mas esses tempos marcam também a resposta que cada Governo tem dado à crise — à crise social e

económica provocada pela crise sanitária, porque isso tem feito a diferença, em Portugal. E em Portugal, com

este Governo, nunca houve dúvidas: nós seguimos o caminho de recusar a austeridade, de apoiar as famílias,

de preservar as empresas, de reforçar o Serviço Nacional de Saúde e de reforçar a escola pública. Tem sido

essa a opção do Governo português.

O Sr. Porfírio Silva (PS): — Muito bem!

O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — É por isso que, neste debate, podemos e devemos avaliar o estado da oposição e o estado das soluções que nos propõem, quando aqui intervêm.

Sabemos que há aqueles que apenas querem somar crise à crise, com respostas estafadas, com respostas

austeritárias, e há aqueles que querem construir uma alternativa em torno do caminho que temos vindo a

prosseguir. Porque a urgência da resposta à crise pandémica faz-se com as medidas necessárias na frente

sanitária e de saúde pública, mas também com as medidas de proteção social e económica, que o Governo

português tem vindo a implementar. O Governo tem vindo a implementar uma ação orientada por uma visão

solidária, uma visão que conseguiu evitar a devastação social e económica provocada pela pandemia.