22 DE JULHO DE 2021
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piadas sobre dons Sebastiões, de Bruxelas ou de Massamá, que seja. É que, Srs. Deputados, o problema pode
estar mesmo no Conselho de Ministros. É melhor começarem a olhar para o lado e a ver onde é que está o
problema.
E em matéria de delfins ou de sucessões, quero dizer que a situação dos vossos também não está brilhante:
o de Lisboa meteu-se em sarilhos com Moscovo e o outro não descola.
Aplausos do CDS-PP.
Não descola! Está ground! Groundforce ou não, mas está ground, não descola. Portanto, talvez não seja
bom tanta piada sobre a oposição.
Mas um dos factos mais preocupantes relativamente ao estado da Nação é precisamente a forma como em
Portugal a liberdade e os direitos democráticos estão a ser ameaçados e o escrutínio parlamentar tem vindo a
diminuir.
É um verdadeiro escândalo a forma como a presença do Primeiro-Ministro no Parlamento foi reduzida para
praticamente um terço, com o fim dos debates quinzenais. A falta de escrutínio, protege a incompetência.
O Primeiro-Ministro trouxe-nos, aqui, uma lista do que devemos ao seu Governo e o PS só nos diz quanto
devemos todos estar agradecidos à governação. Eu prefiro lembrar umas quantas coisas que «devemos ao PS
e ao Governo».
Devemos ao Governo o incumprimento da promessa de um médico de família para cada português e o
aumento das listas de espera, designadamente para tudo o que não é COVID.
Devemos ao Partido Socialista e ao Governo a falta de credibilidade da justiça, afetada pelas informações
falseadas sobre o procurador europeu e a constante proximidade, para não dizer promiscuidade, entre as
magistraturas e o poder político, bem como a inaceitável libertação de presos a pretexto da COVID-19.
Devemos também ao Partido Socialista um sem-fim de casos e de incompetência no Ministério da
Administração Interna. Não gostam de casos, mas quem cria os casos somos nós, por acaso? É que não somos!
Das golas de fumo ao SIRESP (Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal), à
imigração ilegal no Algarve, ao ZMAR e ao caso do SEF, este último particularmente grave, porque, graças ao
Partido Socialista, acabou-se com uma instituição capaz, com 35 anos de serviços ao País, para salvar a cabeça
de um ministro incapaz.
De facto, a geringonça, ainda que agora de geometria variável, está lá sempre para salvar o Ministro. No
SEF, foi o Bloco de Esquerda que deu a mão; agora, no caso dos festejos do Sporting, foi o PCP a bloquear a
audição.
Aplausos do CDS-PP.
Quando nada acontece, a responsabilidade passa a ser do Primeiro-Ministro, mas ficámos — espantem-se,
Sr.as e Srs. Deputados! — a saber hoje que o Sr. Primeiro-Ministro não sabia de nada. Em relação a um
acontecimento com este potencial impacto em todo o País, ou não soube ou não quis saber. Muito estranho,
muito estranho mesmo, num Primeiro-Ministro que, além de mais, foi, durante oito anos, presidente da Câmara
Municipal de Lisboa.
Devemos também ao Governo a falta de apoio às forças de segurança e a falta do subsídio de risco.
O que é certo é que o socialismo acha cada vez mais que tudo pode. Já o tínhamos visto no escandaloso
caso do envio de dados, pela Câmara de Lisboa, para o regime russo, em que o PCP também lhe deu a mão.
O essencial é a retórica e a ideologia, que servem para sustentar a convicção de que ao PS tudo é permitido,
seja nas nomeações, seja nas celebrações.
Aplausos do CDS-PP.
Foi em nome dessa ideologia que o Partido Socialista atacou o setor privado na educação, impedindo que
alunos pobres, em locais onde a oferta pública é insuficiente, pudessem aceder ao ensino privado de qualidade.