I SÉRIE — NÚMERO 90
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É mais do que justo deixar aqui uma saudação a todos os trabalhadores dos serviços públicos e das
instituições sociais que, numa hora tão difícil, disseram e dizem «presente».
Mas também é preciso retirar a lição política. Ficou mais uma vez demonstrado quão necessário é investir
no Estado social e nos serviços públicos, porque eles representam a resposta mais eficaz e mais inclusiva às
crises que vamos sofrendo.
Aplausos do PS.
Essa é uma mais uma lição que a realidade dá àqueles que teimam em ter como programa político
enfraquecer, desmantelar ou privatizar serviços públicos essenciais.
Por seu lado, as consequências económicas da COVID-19 exigiram políticas públicas capazes de, em
primeiro lugar, mitigar os efeitos no tecido produtivo e no mercado de trabalho e, depois, acelerar a recuperação.
Em ambos os planos, soubemos, na Europa e em Portugal, evitar repetir os erros da anterior crise financeira
e das dívidas soberanas. As empresas e os trabalhadores beneficiaram das medidas que, como o layoff
simplificado ou as moratórias e as linhas de crédito, preservaram o emprego e a capacidade produtiva e foram
criados os instrumentos financeiros indispensáveis ao relançamento do investimento público e privado, à retoma
da procura e à transformação verde e digital.
Bem sei que isto causa estranheza aos devotos das soluções de austeridade, que só imaginam como solução
para crises a destruição de valor, os cortes de rendimentos e a degradação dos serviços.
Aplausos do PS.
Mas o atual nível de emprego, o aumento do investimento e das exportações, a melhoria dos indicadores de
qualificação e as baixas taxas de juro da dívida pública estão aí para mostrar que a nossa política é que é
correta, pois abre o caminho para o crescimento económico com inovação, riqueza e trabalho digno.
Eis duas lições da pandemia que devemos reter neste debate: face a crises, o Estado social é a nossa melhor
proteção e as políticas anti-austeritárias são a nossa melhor resposta.
Aplausos do PS.
Há, todavia, uma terceira lição, tão ou mais importante do que as anteriores: a recuperação da crise é tanto
mais rápida e forte quanto mais integrar a transformação da estrutura económica e social, de modo a torná-la
mais resiliente.
Esta é precisamente a linha de conduta do Governo: agir reformando, agir intervindo nos pontos críticos, agir
para mudar.
No âmbito da Presidência da União Europeia, liderámos reformas tão importantes quanto, por exemplo, o
financiamento da recuperação económica dos Estados-Membros, por emissão conjunta de dívida, a Lei do Clima
ou a revisão da Política Agrícola Comum.
No plano nacional, estamos a intervir com vontade e lógica reformista: ordenamento da floresta, como a
melhor prevenção dos incêndios rurais; descentralização, como instrumento-chave da coesão territorial; aposta
na ferrovia e na mobilidade elétrica, como motores essenciais da redução das emissões; reforma da estrutura
superior da defesa nacional, para modernizá-la; digitalização sistemática da Administração Pública, para facilitar
a vida às pessoas e empresas; e tantas outras reformas, não para fingir que se aplica uma qualquer cartilha
dogmática, supostamente universal, mas, sim, para dirigir a política e os recursos públicos às áreas em que se
combate a desigualdade e alicerça o futuro.
Aplausos do PS.
Face a esta agenda de forte ênfase social e apostada nas políticas de crescimento e de reforma, a direita
mostrou, mais uma vez, hoje, não ter mais nada a contrapor do que uma ladainha repetitiva ao velho estilo dos