I SÉRIE — NÚMERO 90
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há 20 anos, das qualificações dos nossos alunos a descer no panorama internacional ou da permanente
desconsideração pelo mérito, pelo talento e pela iniciativa privada.
Ora, não há milagres, não há maldições. Não somos a nação mais pobre da Europa ocidental por acaso.
Não caminhamos para o último lugar da União Europeia por mero acaso. Mas também não esperamos que o
partido mais imobilista e conservador do sistema político português, o Partido Socialista, e a extrema esquerda-
esquerda radical que o apoia possam mudar.
Como temos vindo a dizer, a continuidade destes 20 anos de fracasso socialista, em que o PS governou
sempre, salvo nas situações de caos financeiro que gerou, é o que podemos esperar com a continuidade da
vossa maioria de PS, BE e PCP.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Alexandre Poço (PSD): — No entanto, Sr. Ministro da Economia, mesmo que discorde de alguns dos considerandos que aqui fiz, porque deles emana obviamente uma análise subjetiva e política, estou certo de
que não consegue discordar da triste realidade dos factos. Por isso, pergunto-lhe, hoje, neste debate sobre o
estado da Nação, se não coloca a mão na consciência quando assiste a este lento caminhar de Portugal para a
cauda da Europa, fazendo do nosso País um dos mais pobres da União Europeia.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Pires, do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro da Economia, de facto, o estado da economia no último ano e meio foi, como é óbvio, fortemente impactado pelas consequências da
pandemia. E, como temos dito várias vezes, achamos que era possível ter optado por um caminho diferente na
resposta à crise.
Na verdade, a forma como o Governo tem comunicado ao longo deste ano e meio tornou as medidas de
apoio às empresas de difícil leitura e acabou por gerar uma confusão e dúvida sobre várias das medidas que
deveriam ter efeitos dissuasores, mas que, assim, estão, em última análise, a protelar a recuperação da atividade
económica.
Além disso, sabemos também que os efeitos da pandemia agravaram as fragilidades das micro e pequenas
portuguesas, e lembramos, como o Sr. Ministro bem sabe, que elas representam a esmagadora maioria do
tecido económico português.
Portanto, a concentração, como temos vindo a criticar, da resposta pública nos empréstimos bancários e nas
moratórias levou a um aumento do endividamento das empresas, agravando um problema pré-existente,
conforme confirma, aliás, um estudo recente elaborado pelo ISCTE (Instituto Superior de Ciências do Trabalho
e da Empresa).
Lembramos também os sucessivos alertas, por exemplo, da Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas
e Médias Empresas, de que as várias linhas e medidas de apoio não estão a chegar à esmagadora maioria das
micro empresas que delas necessitam. Temos feito este alerta vezes sem conta, mas o Sr. Ministro, sempre
que vem ao Parlamento, debita muitos números sobre os vários milhões já pagos, embora eles continuem a
contrastar com a realidade que vai chegando ao Parlamento, nomeadamente das micro e pequenas empresas.
Por outro lado, mantemos a preocupação com a manutenção do emprego. O Sr. Ministro referiu aqui alguns
dados sobre essa manutenção do emprego, mas há uma outra face dessa moeda que o Governo teima em
querer ignorar. Não só muitas empresas que receberam apoios já passaram o prazo estabelecido para não
poder despedir, e já o fizeram, como outras grandes empresas, algumas com lucros, continuam a utilizar a
pandemia como desculpa para levar a cabo despedimentos coletivos — hoje mesmo, teve lugar uma greve e
uma manifestação de um desses casos, dos trabalhadores da MEO.
Mas temos também estas ameaças em muitos outros setores de atividade, a saber: na banca, no setor da
energia, na Groundforce ou na TAP. Enfim, são vários os setores onde os riscos de perda de emprego, muito
objetivos e com um valor muito grande, são reais.