I SÉRIE — NÚMERO 3
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A Sr.ª Secretária (Sofia Araújo): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, o projeto de voto é do seguinte teor:
«Faleceu, no passado dia 30 de julho, aos 82 anos, Olga Prats, pianista e uma das principais referências
do panorama artístico português do século XX.
Nascida em Cascais, a 4 de novembro de 1938, Maria Olga Douwens Prats iniciou a sua formação musical
com a sua mãe, professora de piano, e o pedagogo João Maria Abreu e Motta, prosseguindo os seus estudos
no Conservatório Nacional, completando aí, aos 19 anos, o Curso Superior de Piano (1957). Como bolseira do
Governo alemão e da Fundação Calouste Gulbenkian, frequenta cursos de aperfeiçoamento em Colónia, na
Alemanha, e em Friburgo, na Suíça, tendo como professores Gaspar Cassadó ou Carl Seemann, entre outras
grandes referências do piano.
Durante a sua permanência na Alemanha, Olga Prats é distinguida com o Prémio de Melhor Estudante
Estrangeira (1958), recebendo então as melhores críticas da imprensa, que lhe valeram colaborações
próximas com grandes agrupamentos musicais.
Não menos importante na formação inicial de Olga Prats foi a Marquesa de Cadaval, Olga Maria Nicolis di
Robilant, de quem tomava o nome e que contribuiu para a aquisição do seu primeiro piano, proporcionando-
lhe também a proximidade com grandes intérpretes que se deslocavam a Portugal para participar no Festival
de Sintra.
No regresso a Portugal, em 1960, aprofunda os seus estudos com Helena Sá e Costa, das mãos de quem,
em 1965, recebe o Prémio Luís Costade Melhor Intérprete de Música Espanhola.
Dominando um vasto reportório — de Bach a Astor Piazzola, tendo sido a primeira em Portugal a
interpretá-lo e a gravá-lo, passando por Stravinsky, Brahms, Schumann ou Lopes-Graça — e uma grande
amplitude de estilos musicais, Olga Prats atua com a Orquestra de Câmara do Festival de Pommersfelden, a
Orquestra Gulbenkian, a Sinfónica de Buenos Aires, a Orquestra do Porto ou a Orquestra Sinfónica da
Emissora Nacional, entre outras. Privilegiando a música de câmara, foi membro fundador do duo de piano e
violeta com Ana Bela Chaves, em 1969; do ColecViva — Grupo Experimental de Teatro Musical
Contemporâneo, em 1975; ou do Opus Ensemble, em 1980, que marcou, indelevelmente, o panorama das
artes em Portugal.
Entre 1970 e 1984, leciona no Conservatório Nacional, integrando, entre 1983 e 2008, o corpo docente da
Escola Superior de Música de Lisboa, onde foi coordenadora da classe de Música de Câmara.
Em simultâneo com a orientação de cursos dedicados à música portuguesa, sobretudo a do século XX,
colabora com Fernando Lopes-Graça, com Constança Capdeville ou com António Victorino d'Almeida, de
quem foi amiga próxima — e que lhe dedicaram várias obras —, prosseguindo também intensa atividade como
membro de júris de concursos nacionais e internacionais de piano, merecendo especial destaque o Concurso
Internacional de Piano Vianna da Motta.
Com o seu desaparecimento, Portugal perde uma das grandes referências do piano, quer ao nível da
interpretação, quer ao nível da docência, ou não tivesse Olga Prats contribuído, com o seu saber, a sua
inteligência e sensibilidade para a formação de sucessivas gerações de novos artistas.
A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, expressa o seu profundo pesar pelo falecimento
de Olga Prats, transmitindo à sua família e amigos as mais sentidas condolências.»
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Srs. Deputados, estão presentes na Galeria a filha e a neta de
Olga Prats, a quem a Mesa da Assembleia exprime também uma palavra de muito respeito.
Vamos votar a parte deliberativa do projeto de voto que acaba de ser lido.
Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade.
Passamos ao Projeto de Voto n.º 671/XIV/3.ª (apresentado pelo PAR e subscrito por Deputados do PS,
pelo BE, pelo PAN e pela Deputada não inscrita Joacine Katar Moreira) — De pesar pelo falecimento de Otelo
Saraiva de Carvalho.
Peço à Sr.ª Secretária Lina Lopes o favor de proceder à respetiva leitura.
A Sr.ª Secretária (Lina Lopes): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, o projeto de voto é do seguinte teor: