2 DE OUTUBRO DE 2021
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Quando uma empresa tenta receber do Estado, o Estado exige que essa empresa tenha a sua situação
tributária regularizada.
Portanto, a mistura já ocorre e por iniciativa do Estado. Tal apenas reforça o princípio de que, efetivamente,
este acerto de contas entre os sujeitos passivos, os contribuintes, e o Estado tenha de acontecer com a maior
das celeridades. Já vamos num caminho muito atrasado que não tem apenas consequência na tesouraria das
empresas e no rendimento disponível das famílias, mas também tem um impacto no próprio custo de contexto
das empresas, porque simplificar o pagamento significa ter menos custos para poder pagar. Relembro que os
custos de contexto, em Portugal, são significativos e é o próprio INE (Instituto Nacional de Estatística), por
duas vezes consecutivas, no seu inquérito às empresas, a referir que a pressão para a atividade declarativa
junto das finanças é um dos principais custos de contexto que as empresas sentem.
Portanto, simplificar é bom e devia ter sido feito ontem.
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Bem lembrado!
O Sr. Nuno Miguel Carvalho (PSD): — Não é apenas uma questão de tesouraria, é também uma questão de custo e de operação e, consequentemente, de produtividade, de competitividade e de inteira justiça para as
famílias.
Alhos com bugalhos já são misturados, por isso, espero, efetivamente, que algo que o PSD sempre
defendeu — a simplificação da relação do Estado com as famílias e com as empresas —, possa acontecer, no
sentido, principalmente, de o rendimento disponível aumentar, o que é de inteira justiça.
Há, naturalmente, questões que devem ser devidamente avaliadas, em sede de especialidade,
principalmente no que diz respeito à inclusão do setor empresarial do Estado. Este é um princípio bom, mas é
necessário verificar se esta inclusão não vai, de facto, colidir com algumas questões, até porque o Estado não
participa a 100% em todas as sociedades que fazem parte do setor empresarial do Estado. Ainda assim, o
princípio é bom.
É, naturalmente, um desafio tentar fazer com que diferentes tributos, que tenham diferentes naturezas e
diferentes origens, possam estar todos incluídos numa única conta-corrente. É um desafio, mas, ao mesmo
tempo, é um trabalho que o Governo já se propôs fazer — e já devia tê-lo feito. Portanto, como já vão em
atraso, é mais do que evidente que é algo que tem de ser cumprido. Como, ainda por cima, se verifica, nesta
Câmara, pelo menos até agora, uma unanimidade sobre esta matéria, é evidente que há condições para que
possa ser executado. Acima de tudo, além da vontade dos partidos que aqui se manifestam, isto deve ser uma
prioridade para o País, pelo impacto positivo que gera junto das famílias e junto das empresas.
Sr.as e Srs. Deputados, o PSD, por princípio, sempre se mostrou favorável a leis que possam simplificar.
Mas é evidente que, se esta proposta não avançar, enfim, isso só vai demonstrar que, talvez, o discurso que o
Governo e que outros partidos de esquerda, que eventualmente não acompanhem esta iniciativa, praticam são
completamente diferentes do fazer. E está na altura de fazer!
Aplausos do PSD.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Quando estiveram no Governo, podiam ter feito!
O Sr. Presidente: — Estamos à espera de inscrições.
Pausa.
O Bloco de Esquerda inscreveu-se. Sr.ª Deputada Mariana Mortágua, tem a palavra.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, espero que este este projeto, se vir a luz do dia, possa praticar precisamente aquilo que pretendo aqui dizer e que é o seguinte: faz sentido haver uma conta-corrente
entre a Autoridade Tributária e Aduaneira e os contribuintes, sejam eles pequenas empresas ou contribuintes
individuais.