14 DE OUTUBRO DE 2021
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O Sr. José Magalhães (PS): — Muito bem!
O Sr. Ascenso Simões (PS): — É agora que vamos fazer os acordos, ou não, com as instituições que estão lá fora. É agora que o Parlamento assume a sua responsabilidade de legislar. Não se queira transformar o
Partido Socialista no partido único deste Parlamento, que não é! O Parlamento assume em si a responsabilidade
de legislar.
Há alguns pontos que não mereceram concordância de alguns partidos: em relação ao primeiro ponto, sobre
as sociedades disciplinares ou interdisciplinares, vamos ponderar; quanto ao segundo ponto, os estágios,
designadamente para os advogados, porque nos outros setores essa questão não se põe, vamos ponderar; em
relação às questões que dizem respeito ao provedor, ao seu enquadramento, à sua forma de escolha, vamos
ponderar; em relação às questões que dizem respeito ao Conselho de Supervisão, vamos ponderar.
Agora, façamos o caminho que consiste em não deitarmos fora o menino com a água do banho. Façamos o
caminho que consiste em estarmos à altura das circunstâncias, que é estarmos à altura daqueles jovens que
querem o acesso às profissões reguladas e não conseguem, que é precisarmos de médicos especialistas e a
Ordem dos Médicos não aceitar mais aberturas para as especialidades.
Estejamos à altura do tempo em que vivemos, sejamos um Parlamento moderno que encontre nas ordens
profissionais parceiros para fazermos o caminho dessa mesma modernidade.
Aplausosdo PS.
OSr. Presidente:— Tem a palavra, para uma intervenção, pelo Grupo Parlamentar do PSD, o Sr. Deputado Paulo Moniz.
O Sr. Paulo Moniz (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Neste debate que estamos a ter, importa recentrar que a primeira missão das ordens profissionais é a defesa do interesse
público, em particular a confiança pública nas profissões reguladas. Isso é muito importante!
O primeiro interesse das ordens não são os seus membros mas, sim, garantir que o cidadão comum, quando
recorre a um médico, quando recorre a um engenheiro, quando recorre a um advogado tem a certeza de que
as ordens, por delegação do Estado, asseguram a competência profissional, que é diversa da habilitação
específica para aquela pessoa exercer aquela profissão. Isto é fundamental.
Isto foi feito há muitos anos e, enquanto os cursos não eram acreditados, como são hoje, pela A3ES (Agência
de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior), eram as ordens que viam se os currículos nas universidades
garantiam as condições para que aquele profissional pudesse exercer aquela profissão. Não é condição
suficiente, e essa circunstância é essencial. Dou-vos dois exemplos muito concretos. Acreditam, por exemplo,
que um aluno que terminou o curso de medicina com 20 valores e se dedicou ao marketing… Os senhores
gostariam de ser operados por um médico destes?! Não é médico — esta é a questão fundamental.
Tem de haver um crivo para traduzir, em conformidade, a habilitação que é obtida na universidade com o
exercício da profissão, e isto só as ordens o podem fazer, porque são as ordens que exercem a profissão e são
elas que têm esta competência e conhecimento.
Segunda dimensão do interesse público: as ordens têm, ao longo da história, antes e depois do 25 de Abril,
beneficiado de um aspeto central para a sociedade e para o País, que é a sua independência. Esta
independência é um valor que não pode ser beliscado nem pode ter interferências, porque é através desta
independência que a ordem defende o que é melhor para o País; que diz, muitas vezes, que os Governos estão
a tomar opções que não são tecnicamente sustentáveis; e que afrontam os poderes instalados do ponto de vista
político e os interesses que se escondem perante as iniciativas que muitas vezes aqui vêm para pseudomelhoria.
Não posso deixar, também, de relevar um aspeto importante. Nos recentes acontecimentos, e sempre que
os bastonários de determinadas ordens, no seu entendimento independente, vieram apontar falhas à atuação
do Governo, recebemos um primeiro alerta, que foi o sinal e a antecâmara de que hoje estaríamos aqui a discutir
esse assunto. Esse alerta foi dado através do Sr. Primeiro-Ministro, que disse: «As ordens não existem para
fiscalizar o Estado». Esse foi o primeiro aviso.
Claro que terminamos, aqui, com uma proposta que tem um órgão de supervisão maioritariamente composto
por elementos exteriores à ordem. Não são eleitos, isso é uma falácia.