14 DE OUTUBRO DE 2021
35
A bancada do PSD divide-se: a Sr.ª Deputada Clara Marques Mendes acha que este diploma tem pernas
para andar e que vale a pena trabalhar sobre ele — nós aplaudimos, estamos de acordo e, em sede de
especialidade, cá estaremos — e a Sr.ª Deputada Mónica Quintela e o Sr. Deputado Paulo Moniz acham, aqui-
d'el-rei, que aquilo que nós queremos, na Casa da democracia, é pôr uma mordaça e silenciar as pessoas.
O Sr. Paulo Moniz (PSD): — Exatamente!
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — Sr.as e Srs. Deputados, o propósito único deste diploma é muito simples: é o de saber de que lado está este Parlamento. E, por todas as intervenções que aqui se ouviram,
o Parlamento deve estar, em sede de especialidade, disponível para melhorar o que há a melhorar, mas estará
ao lado da remoção das restrições e dos bloqueios no acesso e no exercício da profissão.
Aplausos do PS.
Esse é o principal motivo que nos leva a estar aqui a dizer que queremos remover bloqueios e absurdos que
são intoleráveis no acesso à profissão, seja na duplicação de certificação de coisas que já foram certificadas
pelas universidades, seja nos custos inadmissíveis de algumas ordens no acesso à profissão através do
pagamento de quotas, seja na necessidade que as ordens têm de defender o interesse público, Srs. Deputados.
Por isso, não confundimos ordens e sindicatos. Ambos têm o seu papel, mas as ordens profissionais têm o
papel histórico e a missão histórica de defender o interesse público e que a autorregulação das profissões seja
deontologicamente respeitada.
Aplausos do PS.
A segunda razão é a de que não podemos, sistematicamente, fazer odes à nossa juventude, à geração mais
qualificada… Se há mérito que a democracia tem é o da aposta que fez nas qualificações dos quadros mais
jovens, nas qualificações de gerações atrás de gerações, e, por isso, o que aqui dizemos é que os absurdos
que encontramos hoje são limitadores do acesso dos mais jovens às profissões.
Um jovem que queira ser médico encontra restrições na ordem que são absurdas e intoleráveis. Um jovem
que saia de uma universidade de Direito e queira ser advogado encontra restrições absolutas, que têm de ser
definitivamente retiradas.
Aplausos do PS.
Por isso, Sr.as e Srs. Deputados, a escolha deste Parlamento é a de um País mais moderno, mais competitivo,
mais gerador de emprego e capaz de dizer às gerações mais jovens que têm de ter liberdade para escolher e
exercer a sua profissão.
Sr.as e Srs. Deputados, no final deste debate, o desafio que fica, sobretudo às vozes do PSD que aqui se
pronunciaram, é mesmo o de não se ter medo dos ecos da comunicação social ou de algumas resistências das
ordens profissionais, porque aquilo para que desafiamos todas as bancadas é para que, em sede de
especialidade, possamos ter uma lei que verdadeiramente responda aos problemas do acesso e do exercício
das profissões autorreguladas, que resolva os problemas do acesso dos mais jovens às profissões e que permita
que Portugal seja um país mais competitivo, mais moderno, removendo abusos e absurdos, porque a desordem
que reina nas ordens não pode continuar a existir.
É este o contributo do Grupo Parlamentar do Partido Socialista.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, antes de anunciar a ordem dia da sessão de amanhã, a Sr.ª Secretária Sofia Araújo vai dar-nos conta de um parecer.
Faça favor, Sr.ª Secretária.