15 DE OUTUBRO DE 2021
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Cidadão e ainda hoje se falou do sistema de gestão consular, prometido para 2018 — não é erro! —, quando
estamos no final de 2021.
Ao alterar o Regulamento Consular, o Governo perdeu uma grande oportunidade. O decreto-lei que agora
apreciamos visa, segundo o Governo, repito, segundo o Governo, adaptar a organização consular às novas
realidades e necessidades da emigração portuguesa, mas, infelizmente, o que resulta deste Regulamento
Consular é precisamente o contrário. Com efeito, tal como já referiu o meu colega José Cesário, o Governo tem
uma visão limitada, uma visão corporativa, uma visão conservadora do serviço consular, que se sobrepõe aos
interesses das nossas comunidades, aos interesses das pessoas, aos interesses dos nossos funcionários, ou
seja, aos interesses de Portugal.
O Sr. José Cesário (PSD): — Muito bem!
O Sr. Carlos Alberto Gonçalves (PSD): — Precisamente no momento em que as nossas comunidades estão cada vez mais repartidas pelo mundo, vamos deixar de fazer uma parte do acompanhamento de
proximidade, porque, como já foi aqui dito, não se sabe como será possível substituir as pequenas estruturas,
sejam vice-consulados ou consulados honorários, que serviam as nossas comunidades, por consulados de
carreira. Seremos assim tão ricos? Há países com um PIB (produto interno bruto) muito superior ao nosso que
adotam redes e malhas de atendimento consular bem diferentes, porque percebem que não podemos ter
consulados de carreira em todos os países do mundo, mas devemos estar próximos das pessoas com o serviço
administrativo.
Uma deixa, ainda, para o Partido Socialista: foi aqui lembrado que, no tempo do PSD no Governo,
encerrámos consulados. Ó Sr. Deputado, em 2008, foram 25 os consulados extintos pelo Partido Socialista.
Foram 25!
O Sr. Paulo Pisco (PS): — Não, não!
O Sr. Carlos Alberto Gonçalves (PSD): — E, já agora, mais uma nota: nós não extinguimos o lugar de chanceler, ele ainda existe! O improviso, na política, dá nisto: houve um erro da sua parte.
Aplausos do PSD.
Precisamente no momento em que as nossas comunidades estão cada vez mais repartidas pelo mundo, e
todos os políticos o dizem — Portugal está em cento e tal países —, vamos afastar-nos de um atendimento de
proximidade e, sobretudo, vamos deixar de estar próximos dos nossos cidadãos no estrangeiro, uma
proximidade que se justifica, uma proximidade que é essencial para a relação desses portugueses com o seu
País, com o nosso País, com Portugal.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para encerrar o debate, tem a palavra, pelo Governo, o Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Sr. Presidente, Srs. Deputados, os consulados honorários não vão ser extintos. Eu criei mais cônsules honorários do que o Governo anterior ao Governo
anterior.
Os postos consulares não vão ser diminuídos, pelo contrário, vão ser prestigiados. O que os desprestigia é
usar fórmulas ambíguas, palavras ambíguas, ou usá-los como motivo para discussões inúteis e perigosas, por
exemplo, sobre a relação recíproca entre funcionários não diplomáticos do Ministério dos Negócios Estrangeiros
e funcionários diplomáticos. Todos são funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros e todos merecem
o nosso respeito.
Aplausos do PS.