27 DE OUTUBRO DE 2021
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Aliás, a recente redução de 2 cêntimos no preço dos combustíveis, por redução do ISP, foi imediatamente
absorvida pelo aumento seguinte, o que mostra, precisamente, que uma coisa sem a outra não faz sentido.
É preciso, por isso, trabalhar em duas frentes: no alívio fiscal, com o fim do adicional e da dupla tributação,
mas também nas margens e nos preços máximos, garantindo que essas medidas fiscais têm impacto no preço.
No quadro em que estamos, que opções toma o Governo? Continua irredutível na sua posição e a recusar
as soluções apresentadas pelo PCP? Recusa as medidas para um alívio fiscal, articulado com uma fixação de
preços máximos?
Diga-nos, Sr. Primeiro-Ministro: que opções quer o Governo tomar para combater este problema do preço
dos combustíveis, que, neste momento, é muito grave para as famílias?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para pedir esclarecimentos, tem, agora, a palavra o Sr. Deputado Carlos Reis, do PSD.
O Sr. Carlos Eduardo Reis (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as e Srs. Deputados, em agosto de 2020, no verão passado, Sua Excelência o Primeiro-Ministro disse ao País que, no dia em que a sua
subsistência dependesse do PSD, o seu Governo acabava.
Já aqui a frase foi relembrada pelo Sr. Presidente do partido, mas faço-o novamente porque se encontra
intimamente ligada a um tema que quero aqui trazer, que é o da defesa nacional.
Ao fim de seis anos de Governo, a única reforma verdadeiramente estrutural que este Governo tem para
apresentar ao País dependeu do PSD para ser aprovada. Falo, naturalmente, da alteração da Lei de Defesa
Nacional e da Lei Orgânica de Bases da Organização das Forças Armadas.
Sei que é a instabilidade política que está hoje, aqui, na ordem do dia, mas insisto em recordar que, em
matérias de soberania, o País contou com um partido na oposição e nenhum outro, o PSD.
No Orçamento que o Governo apresenta esta semana, é aplicado um corte de 25% — 25% — na saúde
militar, Sr.as e Srs. Deputados, em relação ao valor estimado para este ano.
Foi assim no Orçamento do ano passado, com um corte de 44% em relação à estimativa de execução e foi
assim em 2020, com um corte de 42% da estimativa de execução face a 2019.
Para quem ia virar a página da austeridade, Sr. Primeiro-Ministro, no caso da saúde militar, escreveu, aqui,
todo um novo volume, todo um novo capítulo.
E, se há portugueses que não poderiam ser esquecidos neste Orçamento do Estado são exatamente aqueles
que servem o País nas nossas Forças Armadas.
O Sr. Paulo Moniz (PSD): — Muito bem!
O Sr. Carlos Eduardo Reis (PSD): — Mas, na verdade, no PSD, já não esperávamos que fosse este Orçamento a dar resposta aos problemas de recrutamento e retenção nas Forças Armadas, já não esperávamos
que valorizasse os deficientes das Forças Armadas, com quem Portugal tem uma dívida de gratidão evidente.
E também já esgotámos a esperança de que nas indústrias de defesa a visão do Governo se altere. Continuarão
a condenar o Arsenal do Alfeite a mais um ano de greves, a mais um ano de problemas de tesouraria, a mais
um ano de desinvestimento nas suas infraestruturas.
O vosso Orçamento, nesta área, refugia-se, apenas, na aquisição de novos navios de patrulha oceânicos,
quando grande parte dos navios da Marinha se encontram parados e a aguardar por uma solução, como é
público e notório.
Todos os ramos das Forças Armadas, todos os três ramos das Forças Armadas — note-se bem! — veem,
neste Orçamento do Estado, a sua verba reduzida.
Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as e Srs. Deputados, trata-se de uma situação infeliz esta, em que o Governo
esquece, no seu Orçamento, os homens e mulheres que salvaram a maior empreitada logística de saúde nas
últimas décadas: o processo de vacinação.