27 DE OUTUBRO DE 2021
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Mas, então, no dia de hoje, qual é o estado da arte?
A crise pandémica ainda não terminou, estamos perante uma profunda crise económica de dimensões que
ainda não estão devidamente avaliadas e temos agora uma crise política.
Perante a dimensão dos desafios que o País tem pela frente, era absolutamente fundamental que tivéssemos
um Governo capaz de estar à altura das suas responsabilidades. Mas, como já vimos, não temos.
O Sr. Primeiro-Ministro, e Secretário-Geral do Partido Socialista, é o grande responsável por esta crise
política — ainda bem que já chegou, Sr. Primeiro-Ministro, porque assim já me permite falar consigo: criou uma
geringonça que só existiu com o único objetivo de desfazer aquilo que o Partido Socialista nos tinha trazido com
o Memorando da troica; criou um modelo de governação em que os Orçamentos são negociados à linha e
subordinados às exigências dos parceiros da extrema-esquerda.
Com a crise económica provocada pela pandemia e quando já era necessário fazer e não destruir o que
estava feito, os protagonistas estão a fazer tudo para sair de cena.
O País assiste a uma negociação onde a única prioridade de cada um dos partidos da geringonça é ver como
é que saem de um filme ou, talvez, de um pesadelo, que ajudaram a produzir e a realizar.
Quando deveriam colocar Portugal e os portugueses no topo das prioridades, estão focados em si próprios,
numa representação do filme Geringonça que deveria envergonhar os protagonistas. «Tirem-me deste filme!»,
é a expressão que lhes tem estado na mente nos intervalos desta realização. E, ontem, anunciaram, com
acusações mútuas, a que já assistimos hoje também, que sairiam de cena!
Na verdade, esta solução, que nunca foi uma boa solução para Portugal e para os portugueses, acabou. E
acabou porque há uma grande irresponsabilidade do Sr. Primeiro-Ministro, do Partido Socialista e dos parceiros
da extrema-esquerda! Repito: o momento que vivemos tem um nome: irresponsabilidade!
O Sr. Paulo Moniz (PSD): — Muito bem!
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Na verdade, a proposta de Orçamento do Estado que o Governo apresentou na Assembleia da República é irmã de mais seis Orçamentos aprovados pelo Partido Socialista, com o apoio
mais ou menos entusiástico dos parceiros da extrema-esquerda.
Este sétimo Orçamento do Governo Socialista é um Orçamento de continuidade, que esquece totalmente a
necessidade de recuperar o País e promover o crescimento. Estamos perante um modelo de navegação à vista,
um Orçamento sem rumo, sem visão, sem estratégia, sem futuro!
Este Orçamento tinha a obrigação de ser um farol para uma efetiva recuperação da nossa economia. Mas
não é, porque, infelizmente, a opção do Governo é a de ignorar os problemas reais do País e as políticas de
recuperação e crescimento.
Faltam políticas de produtividade, faltam políticas para a competitividade. Portugal tem vindo, gradualmente,
a perder em produtividade face à média da União Europeia, como já hoje aqui vimos, e isto é dramático para o
futuro do País.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Este Orçamento tinha obrigação de ser muito diferente. Exigia-se que
transmitisse confiança num tempo de dúvidas, exigia-se que estimulasse a iniciativa num tempo de desalento e
fadiga, exigia-se que promovesse o crescimento num tempo de recuo, exigia-se que apostasse num rumo e
numa estratégia, num tempo de desorientação!
Infelizmente, o Governo, que está condicionado pela sua própria incapacidade, esteve sempre capturado
pelos seus parceiros da extrema-esquerda e apresenta uma proposta de Orçamento que não responde aos
desafios do crescimento.
O exemplo talvez mais escandaloso do crescimento da carga fiscal nos últimos anos é vermos que a receita
fiscal do imposto sobre produtos petrolíferos, prevista para 2022, é de mais 1265 milhões de euros face a 2015.
Repito: mais 1265 milhões de euros! E são os portugueses que suportam este acréscimo de receita fiscal do
Estado, com o Governo sempre a anunciar o fim da austeridade.
Perante uma crise energética com dimensões brutais, o Governo andou a assobiar para o lado e a brincar
com os portugueses, negando a realidade ou criando soluções que demonstram a ausência de compreensão
sobre a vida diária dos portugueses.
Outro exemplo é a opção do Governo de injetar na TAP mais 990 milhões de euros em 2022, depois de já
ter injetado 998 milhões este ano e 1,2 mil milhões no ano passado. Dinheiro dos contribuintes que ninguém