I SÉRIE — NÚMERO 17
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Lembram-se das taxas moderadoras? Pois, já deixámos de as cobrar em cuidados de saúde primários, em
consultas hospitalares, em meios complementares de diagnósticos e terapêutica e vamos, íamos eliminar —
pretendemos eliminar! — a última tranche no início de 2022.
Aplausos do PS.
Todos sabemos que o Serviço Nacional de Saúde tem crescentes obrigações para responder a uma
população mais envelhecida, mais afetada pelo peso das multimorbilidades, mas também mais informada e
exigente.
Precisamos, por isso, e sobretudo, de melhorar a organização do Serviço Nacional de Saúde, sobretudo,
incorporando as lições da experiência recente.
É o que se pretende fazer com a criação da direção executiva do Serviço Nacional de Saúde, que se
concentrará na coordenação e avaliação da resposta assistencial das unidades de saúde e no seu
funcionamento em rede. Esta entidade assumirá um papel formal que já se revelou particularmente necessário
na resposta à pandemia.
É o que se pretende fazer com a recriação dos sistemas locais de saúde, como estruturas de participação e
desenvolvimento da colaboração das instituições que, numa determinada área geográfica, realizam atividades
que contribuem para a obtenção de ganhos em saúde, seja nas escolas, seja nas autarquias, seja no setor
social.
É o que se pretende fazer promovendo a integração de profissionais de saúde nos órgãos de gestão dos
hospitais e garantindo a participação dos utentes no funcionamento dos serviços de saúde.
Sr.as e Srs. Deputados, quem pretende desprezar a necessidade de maior coordenação para a integração de
cuidados, a articulação entre saúde e outras áreas, a participação dos trabalhadores e cidadãos na gestão de
serviços serve que interesses?
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, não nos arrependemos do caminho percorrido, mas sabemos que há
muito chão para andar.
Dizia José Mário Branco: «Eu vim de longe, de muito longe. O que eu andei pra aqui chegar. Eu vou pra
longe, pra muito longe,…
O Sr. Paulo Moniz (PSD): — Isso é verdade!
A Sr. Ministra da Saúde: — … onde sei que nos vamos encontrar». O chão que temos para andar exige esforço e uma clara compreensão sobre o que se discute: estão em
cima da mesa dois modelos de sociedade. Todos percebemos isso.
Não há encenação, não há vontade de crise, há um Governo que aqui vem de cara lavada dizer o que pode,
o que quer fazer e o que vai continuar a fazer pelos portugueses.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Ministra, inscreveram-se junto da Mesa, para formularem pedidos de esclarecimento, nove Srs. Deputados.
Como previamente articulado entre o Governo e a Mesa, a Sr.ª Ministra responderá primeiro a cinco pedidos
de esclarecimento e, depois, aos restantes quatro.
Assim sendo, para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Cristina, do Grupo Parlamentar
do PSD.
O Sr. Rui Cristina (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, Sr.ª Ministra da Saúde, tentei entusiasmar-me com o seu discurso, mas não me foi possível fazê-lo, porque foi um discurso
vazio e sem soluções para as gritantes carências do Serviço Nacional de Saúde.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Muito bem!