28 DE OUTUBRO DE 2021
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Quando nos vêm falar dos milhões para o Serviço Nacional de Saúde, percebemos que, de facto, há uma
dificuldade enorme de diálogo, porque, quanto aos milhões de que o Governo e o PS falam, nós dizemos «isso
não é executado», ao que o Sr. Ministro responde: «não pode comparar o previsto com o executado». Porém,
depois insiste sempre no previsto e nós percebemos que, na realidade concreta, o executado fica sempre aquém
das necessidades.
Mais: percebemos que, muitas das vezes — e este é o problema fundamental —, é a postura estrutural de
pensamento sobre o SNS que está a faltar nas matérias de fundo e é por isso que temos a demissão em
catadupa dos profissionais.
Não é o Bloco de Esquerda que está a dizer aos profissionais para se demitirem, não é o Bloco de Esquerda
que está a instrumentalizar a luta desses profissionais. São eles, de norte a sul do País, que dizem que não dá
para trabalhar assim.
Qual é a resposta do PS? Qual é a resposta do Governo? É rejeitar a única medida que garantiria uma
valorização de carreiras no Serviço Nacional de Saúde. É esta a resposta.
Depois, podemos ir para a lei do trabalho. Quando toca a horas extraordinárias, alguém compreende que o
Governo diga «sim, sim, pode-se cortar. A troica pode cortar à vontade as 120 primeiras horas de trabalho
porque, depois, sobre as restantes 30 horas legais já vamos pagar por inteiro»?
Alguém percebe isso como uma aproximação? Ou como um enxovalho aos trabalhadores e às
trabalhadoras?!
O trabalho extraordinário deveria ser penalizado para criar postos de trabalho e cada posto de trabalho que
não é criado porque sai mais barato pagar horas extraordinárias é da responsabilidade da troica, da direita, mas
também deste Partido Socialista, que impede que se mude a lei. E é isso que não compreendemos.
Aplausos do BE.
Por isso, sim, temos divergências e nunca o escondemos. Mesmo naquele período de reuniões e diálogos
— tivemos muita reunião e diálogo, e o agora Sr. Ministro das Infraestruturas sabe disso como ninguém — não
concordámos em tudo, mas havia um diálogo construtivo. Não havia uma resposta como esta que temos hoje:
«Vocês têm nove propostas? Ora, nós rejeitamos todas. Tomem outras, que são melhores».
Essa sobranceria, essa arrogância na forma de tratar o Bloco de Esquerda, mas, acima de tudo, essa forma
de tratar o País mostra bem como o diálogo, que era a base e o cimento da geringonça, foi a primeira coisa a
ruir, por vontade do Governo e do Partido Socialista.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra para uma intervenção a Sr.ª Deputada Isabel Rodrigues, do Grupo Parlamentar do PS.
A Sr.ª Isabel Rodrigues (PS): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Já foi lembrada, ao longo deste debate, a evolução da taxa de população em risco de
pobreza ou exclusão social durante a anterior e a presente Legislaturas, tendo passado de 26,6%, em 2015,
para 19,8%, em 2020, uma redução de 6,8 pontos percentuais.
Se nos detivermos nas famílias com crianças, verificamos que, em 2015, a taxa de risco de pobreza de uma
família monoparental era de 31,6% e baixou para 25,5%; dois adultos com duas crianças tinham uma taxa de
17%, que baixou para 13,5%, e nas famílias de dois adultos e três ou mais crianças era de 42,7% e baixou para
39,8%.
Aplausos do PS.
Não conseguimos estes resultados abrindo centenas de cantinas sociais ou mudando as regras das
prestações sociais para reduzir o universo de beneficiários. Conseguimos estes resultados porque honrámos o
compromisso de combater a pobreza, a exclusão social e as desigualdades e de recuperar o rendimento das
famílias no respeito integral pela sua dignidade.