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I SÉRIE — NÚMERO 17

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Ninguém compreende que o Governo diga, no meio dos milhões que andou a anunciar ao País para patrões,

para empresas, para diversos setores, que não quer investir no SNS para garantir carreiras dos seus

profissionais, os mesmos que se demitem em catadupa. Só um Governo que não dialoga com o País é que não

percebe esta realidade. E sendo o SNS tão importante para as pessoas, não se percebe que não haja neste

Orçamento do Estado uma resposta sobre a fixação destes profissionais, uma resposta que garanta que os

profissionais não fogem novamente para o privado, uma resposta que não fragilize o SNS.

Por isso, quando o Governo nos diz «nós até respondemos às vossas propostas» e nós vamos ao concreto,

às medidas escritas, porque é aí que se avaliam as vontades, percebemos que o regime de dedicação plena,

afinal, nada tem a ver com dedicação exclusiva, e não é bem para os médicos ficarem no público, é para eles

fazerem mais horas no público enquanto podem acumular um segundo e um terceiro emprego no privado.

Não é uma valorização de carreiras, não é um combate à promiscuidade entre público e privado. É, apenas

e só, um pagamento adicional de horas extraordinárias. Por isso, o Governo falha ao SNS, falha ao País.

Ninguém compreende que o Governo queira uma crise política porque rejeita acabar com o mesmo fator de

sustentabilidade que, em 2019, o então Ministro Vieira da Silva dizia que era inaceitável. E mais: ninguém

compreende que o Governo rejeite responder àquelas e àqueles pensionistas que têm todos os meses na sua

pensão o corte que a direita lhes colocou e que lhes leva não só o valor que lhes deveria servir para pagar

medicamentos, para a sua vida do dia a dia, mas, em parte, a sua dignidade, porque sabem que foram

empurrados para a reforma porque não tinham trabalho, porque a economia estava de rastos, porque a direita

tinha destruído a economia, e destruiu-lhes também essa dignidade.

Uma esquerda que se quer esquerda não pode virar as costas a estas pessoas e, acima de tudo, é

incompreensível que este elemento seja um elemento de chantagem sobre a criação de uma crise política.

Aplausos do BE.

O mesmo se passa na legislação laboral. Não falamos, apenas e só, de medidas que o Bloco de Esquerda

defende. Falamos de o Governo nem sequer estar ao lado de medidas que o PS defendeu nesta Assembleia,

porque dizia que a direita estava a ir além da troica. Não, este é o Governo que quer criar uma crise política

porque rejeita retirar da lei laboral aquela marca da direita que foi além da troica, porque rejeita retirar da lei

laboral a troica dos contratos de trabalho, da quebra de rendimentos.

E é compreensível? Creio que a pergunta é esta: o povo de esquerda, o povo do nosso País percebe que se

crie uma crise política porque não se quer responder a pensões, a trabalho digno, a um Serviço Nacional de

Saúde de qualidade? Creio que a resposta é clara e inequívoca: não percebe!

Infelizmente, parece que apenas o Governo, apenas o PS e apenas o Sr. Primeiro-Ministro não percebem

esta resposta do nosso povo.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente: — Inscreveu-se, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada Ana Catarina Mendonça Mendes, do Grupo Parlamentar do PS.

Tem a palavra, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, percebo o incómodo de, no dia de hoje, o Bloco de Esquerda não saber o que dizer aos portugueses que confiaram, em

2019, num Governo liderado pelo Partido Socialista com o apoio à esquerda.

Aplausos do PS.

Mas isso não lhe dá o direito, Sr. Deputado, de defraudar as expectativas dos portugueses com as inverdades

que proferiu na tribuna.

Aplausos do PS.