I SÉRIE — NÚMERO 17
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Aplausos do PSD.
Protestos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira.
O Sr. Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital (Pedro Siza Vieira): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A proposta de Orçamento do Estado para 2022 prossegue a política económica escolhida
pelo Governo, procurando criar as condições para assegurar um crescimento sustentado da nossa economia,
rompendo com o paradigma anterior, que apostava em ganhos de competitividade por via da redução dos custos
do trabalho.
A nossa política económica, pelo contrário, aposta no crescimento da produtividade. É esse o único caminho
que nos permite, a longo prazo, fazer crescer a economia, pagar melhores salários e sustentar o nosso Estado
social.
Esta escolha é clara e foi motivada não só por razões económicas, mas também por razões políticas. Foi
motivada por razões económicas, desde logo, porque tentar manter a competitividade por via de baixos custos
e baixos salários, como sucedeu entre 2011 e 2015, é um modelo perdedor, que mantém empresas ineficientes
no mercado. Mas foram, também, razões políticas que nos levaram a romper com este modelo.
Temos, como comunidade, a estrita obrigação de oferecer aos nossos concidadãos uma justa oportunidade
de realizarem, no nosso País, as suas aspirações pessoais e profissionais, entre as quais as de acesso a um
emprego digno e compatível com as suas qualificações.
Aplausos do PS.
Como cidadãos europeus, os portugueses têm sempre a escolha da saída do País. Por isso, confrontados
com a política de desvalorização do trabalho, adotada entre 2011 e 2015, 400 000 portugueses abandonaram o
País.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
Triste nação essa, em que o chefe do Governo convidava os nossos compatriotas a emigrar!
Foi esse modelo que se rompeu, por isso os objetivos da política económica foram diferentes. Foram os de
apoiar as empresas inovadoras e exportadoras, redirecionar os incentivos europeus para projetos inovadores,
em copromoção entre empresas e entidades do sistema científico e tecnológico nacional, apostar no
crescimento das exportações e na atração de investimento direto estrangeiro e melhorar as qualificações.
Investiu-se, também, no reforço da capitalização das empresas, por via de incentivos fiscais à retenção de
lucros e ao reforço de capitais próprios. Procurou-se assegurar o crescimento dos rendimentos do trabalho,
melhorando gradualmente as perspetivas de vida dos trabalhadores e incentivando as empresas a tornarem-se
mais eficientes.
Os resultados foram impressionantes. Entre 2015 e 2019, as exportações aumentaram mais de 40% em
valor. Mais empresas, hoje, exportam mais produtos, para mais mercados. Aumentou o investimento empresarial
em Investigação e Desenvolvimento e na contratação de recursos humanos qualificados.
Portugal deixou de ser apenas um País que produz bem e barato, para ser um País que começa a inventar
os bens que produz.
As empresas reforçaram a sua autonomia financeira e a sua rentabilidade. O investimento privado aumentou
e nunca foi tão elevado o stock de investimento estrangeiro.
O salário mínimo aumentou continuamente: mais de 30% em apenas seis anos e o Governo comprometeu-
se a chegar, em 2023, aos 750 €, um aumento total de quase 50%. Também o salário médio aumentou,
ultrapassando os 1300 € no ano passado, um aumento superior a 20% em apenas cinco anos.