28 DE OUTUBRO DE 2021
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Nos últimos dois anos, a política económica foi determinada, naturalmente, pelo combate à crise provocada
pela COVID-19. As nossas prioridades foram, como não podia deixar de ser, o apoio ao rendimento das famílias,
a proteção do emprego e a preservação do potencial produtivo das empresas.
Em 2022, o cenário é diferente, mas ainda temos incertezas na nossa economia. A escassez de mão de obra
e de componentes ou o aumento do custo de matérias-primas e de transportes podem condicionar o ritmo da
retoma e têm impactos adversos sobre as nossas empresas.
Os setores mais afetados pela pandemia, em especial o setor do alojamento e da restauração, apesar de já
sentirem os efeitos da retoma, carecem de apoios mais prolongados.
Todos estes motivos impõem que, na proposta de Orçamento do Estado, o Governo conserve a necessidade
de manter a disponibilidade de recursos para apoiar as empresas mais afetadas e amortecer os efeitos mais
significativos da perturbação que se vive nos mercados.
Este Orçamento está alinhado com a nossa estratégia para o País. O ano de 2022 deve ser o ano de
aceleração do processo de transformação em curso da nossa economia. Portugal está particularmente bem
colocado para assumir novas ambições económicas e colocar-se num novo patamar de competitividade,
partindo das competências de que já dispomos e dos recursos que a Europa coloca à nossa disposição.
A proposta de Orçamento destina a estes fins um reforço inédito de recursos, combinando recursos nacionais
e com origem no Plano de Recuperação e Resiliência, num total de 2600 milhões de euros, para apoiar a
capitalização das empresas, para implementar o programa InvestEU, para incentivar o investimento em
atividades tecnológicas, para conceder subvenções a atividades inovadoras, à descarbonização da indústria e
à digitalização do comércio e das empresas.
Aplausos do PS.
De forma a apoiar a retenção e a atração de talento, propõe-se o reforço do programa IRS Jovem e do
programa Regressar. Porque os maiores crescimentos vêm das empresas mais jovens e disruptivas, procurou-
se apostar no desenvolvimento do empreendedorismo, nos termos previstos no European Startup Nations
Standard, que apresentámos durante a Presidência Portuguesa da União Europeia.
Para reduzir de modo estrutural um dos principais custos de contexto para as empresas nacionais, ou seja,
o elevado custo da nossa eletricidade, o Governo comprometeu-se já com o reforço das transferências
financeiras para o Sistema Elétrico Nacional, o que, juntamente com outras medidas, irá permitir que o valor da
tarifa de acesso às redes para os consumidores industriais se vá reduzir em 94%, já no próximo mês de janeiro.
Pensem, por um momento, no significado desta notícia: nos próximos anos, o custo da eletricidade vai passar
a ser uma vantagem competitiva das empresas portuguesas perante as suas congéneres europeias.
Aplausos do PS.
O Governo mantém a trajetória prevista para o salário mínimo nacional. Em janeiro, iremos viver o maior
aumento de sempre do salário mínimo nacional.
Sendo um esforço grande para as nossas empresas e para a Administração Pública, entendemos que este
é um objetivo realista, compatível com o propósito de convergirmos com a média da União Europeia em matéria
de peso dos rendimentos do trabalho no PIB, percurso que temos vindo a realizar nestes anos.
Na vertente da valorização do trabalho, temos a noção da profunda injustiça que representa a segmentação
do nosso mercado de trabalho. A maioria dos jovens com menos de 40 anos, a geração mais qualificada de
sempre, está em situação precária. Por isso, submetemos a esta Câmara, em paralelo com o Orçamento do
Estado, uma proposta de lei sobre a Agenda do Trabalho Digno, para combater a precariedade e reforçar a
proteção dos trabalhadores mais jovens.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, nos últimos anos, provámos que é possível adotar com sucesso um
modelo económico que se afaste do paradigma que medrou nas últimas décadas. Trata-se de um modelo que
assume a valorização do conhecimento como a principal vantagem competitiva e as pessoas como o recurso
mais crítico para o futuro do nosso País.
Aplausos do PS.