I SÉRIE — NÚMERO 17
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Os salários baixos são um problema para as micro, pequenas e médias empresas, porque só se pode vender
o que os salários puderem comprar.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — E o Sr. Ministro sempre reconheceu isso. Mesmo a questão da convergência com a Europa, que o Governo tão frequentemente refere, pode e deve
ser suscitada nesta matéria.
Pois bem, em Espanha, o salário mínimo está a caminho dos 1000 €. Na Alemanha, foi anunciado um
aumento, já para o próximo ano, de 25%, mais 400 €, passando para perto de 2000 €. Por cá, Sr. Ministro, um
aumento de 40 € não responde minimamente às necessidades que estão colocadas. Nós já não estamos num
quadro de inflação negativa. Nos combustíveis e no resto o custo de vida aumenta.
Aliás, os argumentos para a importância do aumento dos salários estão mais do que demonstrados. O
problema é o Governo passar à prática de forma efetiva.
A nossa proposta é de 850 € no curto prazo para o salário mínimo. Propusemos ao Governo um processo
gradual de 800 € em 2022 e de 850 € em 2023 — o Governo disse «não!». Chegámos mesmo a propor que se
começasse o ano de 2022 com 755 € — o Governo disse «não!».
O Governo marcou a sua posição em março deste ano e até agora continua a recusar qualquer solução
alternativa. E, então, Sr. Ministro, é assim tão importante para o Governo que o salário mínimo não aumente
nestes valores?
Os senhores escusam de falar em «passos maiores do que a perna» se, na verdade, cortam as pernas às
respostas que são necessárias e urgentes. Só no salário mínimo nacional estamos a falar da vida concreta de
um em cada quatro trabalhadores portugueses.
A intransigência do Governo aproveita a quem, afinal? Quem é que ganha com esta opção do Governo de
não dar sequer um passo, um único passo, de não evoluir nunca na discussão, ao longo de todo este tempo,
nesta questão absolutamente central que é a do aumento dos salários?
Sr. Ministro, não adianta insistir no discurso de que querem o Orçamento aprovado se, depois, continuam a
recusar as soluções necessárias ao País.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, também para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada Vera Braz.
A Sr.ª Vera Braz (PS): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as e Srs. Ministros, Sr.as e Srs. Deputados, o ano de 2019 foi marcado por um novo recorde em Portugal, o recorde de criação de novas empresas, pelo
terceiro ano consecutivo, bem elucidativo do caminho iniciado em 2015, um verdadeiro caminho de alternativa,
de confiança, em que se pretendia virar a página da austeridade, relançar a economia e o emprego. E
conseguimos, mobilizámos Portugal. Mobilizámos as nossas empresas, iniciámos uma trajetória de
convergência com a União Europeia, provámos que é possível Portugal ser competitivo, ter um futuro próspero
e sustentável.
O Sr. Pedro do Carmo (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Vera Braz (PS): — Inevitavelmente, o nosso tecido económico teve de abrandar em 2020, mas este Governo não parou e adotou, no imediato, medidas extraordinárias de apoio à economia, de apoio às famílias,
de apoio às empresas, que não podemos ignorar, não podemos fingir que não existiram.
Aplausos do PS.
Falo de medidas como o layoff, medidas como as moratórias bancárias, medidas de apoio à retoma ou
subsídios a fundo perdido, linhas de crédito com garantia pública, entre outras. São medidas que evitaram uma