28 DE OUTUBRO DE 2021
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A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — … com os parceiros a competirem pelas medidas simpáticas para pôr no outdoor e a culparem o parceiro do lado quando alguma coisa corria menos bem ou quando elas eram mais
difíceis, e todos, mas mesmo todos, a fingirem que é possível o Estado dar tudo a todos e que o Estado tem
quaisquer recursos que não seja aqueles que retira aos cidadãos.
Aplausos do CDS-PP.
A segunda marca é a seguinte: Portugal é hoje um dos países mais lentos a recuperar da pandemia. Há mais
de oito Estados-Membros que já recuperaram em 2021 o seu PIB pré-pandemia: Irlanda, Luxemburgo, Estónia,
Roménia, Lituânia, Dinamarca, Hungria, Polónia e Letónia, e prevê-se que antes do fim do ano pelo menos mais
quatro lá cheguem. Pois bem, para Portugal, o Governo acha que a recuperação do nível de riqueza pré-
pandemia já em 2022 constitui um objetivo ambicioso. Sermos um dos últimos a recuperar da pandemia é, para
este Governo, um objetivo e uma grande ambição.
É o retrato dos anos da geringonça que nunca entendeu que não é possível distribuir riqueza sem primeiro
criar riqueza e é também o retrato de um País que continua a ser ultrapassado em PIB per capita pelos países
do antigo Leste europeu, que aprenderam com muitos sacrifícios o que custam as receitas que, em Portugal,
alguns dos partidos que viabilizaram esta geringonça ainda hoje querem desgraçadamente aplicar.
Terceira marca da governação da geringonça: os malabarismos constantes.
Primeiro, a banalização das cativações e das gavetas cheias de autorizações nunca dadas pelas Finanças,
não como instrumentos de execução orçamental, mas, sim, como um verdadeiro engano orçamental. Engano,
aliás, para o PCP e para o Bloco de Esquerda, que adoraram durante anos e Orçamentos a fio ser enganados.
Depois, os aumentos dos impostos indiretos, a criatividade, sem limites, das taxas e das taxinhas, passando
por tudo, desde o açúcar, a florestas e a embalagens de take away.Num País como Portugal, com pelo menos
3500 taxas cobradas por apenas 25 entidades públicas, a atitude da geringonça foi sempre: «ainda não chega,
é preciso mais e mais e mais taxas e taxinhas.»
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Um Governo que começou com um aumento de impostos, a sobretaxa do gasóleo e da gasolina, um Governo que começou com um aumento do ISP, onde logo cobrou mais de 300
milhões de euros só em 2016, apresenta-se aqui hoje, mais de cinco anos depois, com o desplante de dizer que
vai devolver, com a ajuda do esquema do «IVAucher», menos de metade disso, sabe-se lá quando.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Enquanto isso, as famílias portuguesas desesperam sempre que têm de encher o depósito de combustível para ir trabalhar.
Um Governo que prometeu em campanha eleitoral uma baixa de IRS, mas que logo a adiou durante a
pandemia; um Governo que prometeu mudanças nas tabelas de retenção na fonte mas que continuou a cobrar
a mais 2800 milhões de euros aos portugueses, mesmo durante um ano tão difícil como o de 2020; finalmente,
um Governo que sempre se gaba de contas certas mas que esconde que a despesa primária, sem medidas de
emergência, nem pontuais, ou seja, sem o efeito da pandemia e sem efeitos excecionais, que passou de 84 000
milhões de euros, em 2019, para 98 000 milhões de euros, em 2022, ou seja, quase mais 4 pontos percentuais
do PIB, transformou Portugal numa economia que cresce muito pouco, mas o Estado nunca para de crescer
cada vez mais, mais e mais.
Aplausos do CDS-PP.
Sr.as e Srs. Deputados, nem a política, nem os governos, nem os orçamentos têm de ser isto e tenho a certeza
de que Portugal pode ser muito mais.
Deste Orçamento não rezará a história. Dele o máximo que se dirá é que marca o momento em que o Sr.
Primeiro-Ministro virou a cara à economia para se entregar à ideologia, em que a esquerda radical impôs a sua