I SÉRIE — NÚMERO 17
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… por salários e empregos sem precariedade — medidas de que o País precisa e que respondem pelas
pessoas.
O Bloco de Esquerda foi sempre uma solução, defendeu soluções, está pronto para soluções e sabe que
elas fazem o seu caminho. É este o nosso mandato, não faltaremos.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Pelo Grupo Parlamentar do PSD, tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Rui Rio.
O Sr. Rui Rio (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: O voto contra do PSD à proposta de Orçamento do Estado para 2022 consubstancia-se nas críticas
que, desde sempre, temos feito à política económica e orçamental dos Governos de António Costa. É uma
política económica e orçamental errada e errática, que não dá esperança num futuro melhor aos portugueses,
sobretudo aos mais jovens.
É uma política económica errada, porque nunca esteve focada na melhoria da competitividade da economia
portuguesa nem no aumento da produtividade. O crescimento económico, nos anos anteriores à pandemia, foi
sempre reduzido e inferior ao da maioria dos Estados-Membros da União Europeia, sobretudo ao dos nossos
concorrentes de leste.
Em 2020, a economia nacional teve uma quebra do seu produto interno bruto de 8,4%, superior à média
europeia. Agora, para 2021 e 2022, no documento que hoje votamos, o Governo apresenta crescimentos
económicos que mais não são do que o simples recuperar da quebra de 2020.
Mas Portugal não teve apenas uma quebra do PIB mais elevada do que a da maioria dos países europeus,
tem, também, uma das recuperações mais lentas, sendo que apenas no final de 2022 teremos recuperado o
nível de 2019. É uma recuperação lenta e tardia, mas, ainda mais grave, é uma recuperação que assenta
exclusivamente na procura interna, via consumo privado e despesa pública.
O contributo da procura externa, nomeadamente das exportações, ou seja, o contributo da nossa
competitividade internacional, é praticamente nulo. Agravam-se, assim, as contas externas e o endividamento
do País face ao exterior, que foi, precisamente, o principal elemento que determinou o histórico e humilhante
ajoelhar de Portugal em 2011.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Rui Rio (PSD): — Agrava-se, assim, o modelo errado que o Partido Socialista defende e que é o inverso do que Portugal verdadeiramente precisa: um crescimento assente, sobretudo, no investimento e nas
exportações.
Aplausos do PSD.
Ainda mais confrangedoras são as previsões de crescimento económico para o médio prazo. Voltaremos a
um padrão abaixo dos 2%, manifestamente insuficiente para não nos atrasarmos ainda mais relativamente à
Europa e para evitarmos ser ultrapassados no nosso nível de vida por ainda mais países do leste europeu.
É, sobretudo, um crescimento insuficiente para gerar a riqueza que permite melhores salários, melhores
pensões, melhores apoios sociais e serviços públicos mais eficientes.
Tudo isto resulta também, desde logo, da incapacidade do Governo em encetar as reformas estruturais de
que o País precisa e que o PSD tanto tem reclamado.
Acantonado à sua esquerda e agarrado ao poder, cedendo o que pode e o que não pode, o Governo foi
recusando todas as propostas vindas de diversos quadrantes políticos, económicos e sociais que permitiriam
melhorar a competitividade da economia e aumentar o nosso crescimento potencial de médio e longo prazo.
O Partido Socialista, com a opção política que tomou de se colocar na total dependência da esquerda radical,
transformou-se na face do imobilismo e do estatismo que têm condenado o País à estagnação e ao
empobrecimento.