28 DE OUTUBRO DE 2021
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Aplausos do PSD.
O Governo está, desde o início da pandemia, à espera do milagre europeu, sem qualquer preocupação em
governar com respostas estruturais, à espera de que o PRR resolva todos os problemas do País, à espera de
que um disparo de bazuca traga o milagre da recuperação e do crescimento económico.
No entanto, os números são inequívocos e demonstram que o PRR não vai transformar estruturalmente a
economia portuguesa. A oportunidade vai-se perder e Portugal continuará a marcar passo com crescimentos
medíocres se esta política não for invertida.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Rui Rio (PSD): — Mas, como disse, temos tido também, desde 2015, uma política económica errática, num óbvio desequilíbrio entre a compra dos votos do PCP e do Bloco de Esquerda e a manutenção dos nossos
compromissos europeus.
Protestos do Deputado do PCP João Oliveira.
É uma política económica errática que não tem qualquer coerência estratégica nem viabilidade de longo
prazo, tem apenas a preocupação conjuntural de, em cada ano, conseguir a aprovação dos Orçamentos do
Estado de forma totalmente avulsa. Era evidente que tinha de dar mau resultado.
O PSD avisou, vezes sem conta, que a consolidação orçamental, entre 2016 e 2019, era meramente de
conjuntura, que o dito excedente não tinha sustentabilidade estrutural, que a redução do défice, entre 2016 e
2019, não tinha qualquer mérito em termos de política governamental ativa e que estava assente em meros
fatores pontuais.
Aplausos do PSD.
Estava assente na política monetária do BCE (Banco Central Europeu) e num fraco crescimento económico
baseado no turismo, no imobiliário, nos cortes no investimento público, nas famosas cativações e em aumentos
da carga fiscal.
Entre 2016 e 2021, o Governo usufruiu de uma folga anual nos juros da dívida pública de 3000 milhões de
euros. O que fez o Governo com esta dádiva da Europa? Nada! Ou melhor, gastou e distribuiu. Olhou
exclusivamente para o presente, com a preocupação de se manter no poder, com base em periclitantes
negociações, cada vez mais frágeis e mais conjunturais.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
O Sr. Rui Rio (PSD): — A crise pandémica de 2020 mostrou o quanto essa consolidação orçamental era um castelo de areia.
Portugal teve uma das respostas orçamentais à pandemia mais reduzidas da Europa, isto é, Portugal foi dos
Estados que menos apoiou as famílias e as empresas. E foi assim porque era dos países com menor margem
orçamental. Tivesse o Governo levado a cabo uma consolidação orçamental estrutural, como tantas vezes
referimos, e Portugal teria tido maior margem de apoio às pessoas, ao emprego e ao investimento.
Aplausos do PSD.
O Governo teve uma resposta limitada e insuficiente à crise da COVID-19, mas, apesar disso, deixou que se
evoluísse para um perigoso descontrolo da despesa pública.
Segundo a proposta que hoje votamos, entre 2019 e 2022, retirando as despesas com a pandemia e as
despesas ligadas ao PRR, ainda assim, a despesa corrente primária sobe 11 000 milhões de euros em apenas
três anos. São 11 000 milhões de euros que, por si só, representam 5% do produto interno bruto.