I SÉRIE — NÚMERO 17
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A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, a pandemia ainda não acabou e a Legislatura tem mais dois anos. Teríamos tempo para nos sentarmos à mesa, para resolver
problemas cujas soluções deram os primeiros passos significativos com a Agenda do Trabalho Digno, com o
estatuto do SNS, ou com o estatuto dos profissionais de saúde.
A ironia suprema do chumbo deste Orçamento é a de que não se prende com nenhuma matéria
orçamental,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Não é verdade!
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — … mas, sim, com a introdução de medidas que nada têm que ver com o Orçamento do Estado.
O País não comporta radicalismos. O País quer serenidade e paz social e quer que os governantes resolvam
os seus problemas. Não será nunca, nem nunca foi, pelo PS e pelo Governo que a esquerda não se entendeu.
Não, não foi o PS que se desviou do caminho iniciado há seis anos.
Aplausos do PS.
Hoje, a escolha é simples: continuar o caminho ou interromper este ciclo de conquistas e de crescimento.
Fechar hoje as portas é desistir da ideia do entendimento à esquerda, é desistir de um rumo para um País
orientado pela procura de mais igualdade e de mais solidariedade, é desistir do reforço do Estado social e da
promoção do combate à pobreza, por via da afirmação dos direitos sociais.
É como se, na afirmação dos nossos diferentes programas, fosse indiferente o resultado final, fosse
indiferente que, no final, as pessoas vivessem melhor ou pior.
Para a esquerda, este resultado nunca pode ser indiferente!
Não é indiferente o valor do salário mínimo nacional. Não é indiferente o valor das pensões mais baixas. Não
é indiferente o custo dos transportes públicos. Não é indiferente o custo da eletricidade. Não é indiferente o
custo das creches. Não é indiferente o custo da educação. Não é indiferente a qualidade do Serviço Nacional
de Saúde. Não é indiferente a precariedade no trabalho.
Aplausos do PS.
Para conseguir mais, não é legítimo deitar fora o que já se conseguiu e o que, passo a passo, seria ainda
possível conseguir.
O PS não desistiu nem nunca desistirá do País e dos portugueses. Não consideramos indiferente o que faz
a diferença na vida de milhões de portugueses e estamos disponíveis para continuar.
Podem, Sr.as e Srs. Deputados, ter a memória de que, nas bancadas à direita, dentro do turbilhão que vai
nas suas casas,…
Vozes do PSD: — Oh!
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — … estão à espreita para poder reverter todas as conquistas sociais que conseguimos ao longo destes seis anos.
Aplausos do PS.
O voto contra ao lado da direita é dizer à direita que tinha razão quando cortou salários, quando cortou
pensões, quando teve o Estado mínimo e quando depauperou os serviços públicos!
Aplausos do PS.
Protestos do BE.