12 DE NOVEMBRO DE 2021
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Cabe ao legislador, em cada momento, fazer essa escolha e, ao longo da nossa história, as respostas
dadas ao crime foram mudando e evoluíram no sentido da humanização. É esse o caminho que devemos
continuar a trilhar, mesmo quando a pandemia de COVID-19 tiver finalmente acabado.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Nelson Silva, do PAN, para uma intervenção.
O Sr. Nelson Silva (PAN): — Sr. Presidente, devo confessar que, neste momento, estou com um dilema, porque gosto de fazer debates olhos nos olhos, como devem ser feitos, mas o Sr. Deputado do Chega, sobre
cuja proposta incide a minha intervenção, não está, como é habitual, presente no Plenário. No entanto, vou
fazer a minha intervenção, não vá o Sr. Deputado ver isto na televisão e decidir comparecer.
Está claro que, neste debate já longo, existem duas propostas que têm o objetivo de revogar esta lei, mas,
afinal, há outra proposta. A proposta do Chega não se cinge, unicamente, à revogação da lei. Caso assim
fosse, a nossa posição seria muito semelhante à que temos relativamente às restantes propostas.
Contudo, o Chega pretende ainda a elaboração e divulgação de um relatório, de acesso público, por cada
estabelecimento prisional, no qual, de forma detalhada, venha referido o número de reclusos libertados, o tipo
de crimes cometidos pelos quais se encontravam a cumprir pena e a extensão das mesmas.
O PAN nada tem a opor quanto à divulgação do número de libertações e do tipo de crimes praticados a
nível nacional, mas torna-se óbvio que, quando o Chega o pretende fazer detalhadamente e por cada
estabelecimento prisional, e quando se sabe que desta forma não é possível salvaguardar o anonimato das
pessoas, o objetivo é apresentar uma lista de esconjurados, claramente promotora da discriminação e
atentatória dos direitos fundamentais.
Para o PAN, a diferença entre a votação das iniciativas aqui em discussão é a clara violação de direitos
humanos. Mais uma vez, o Chega apresenta-nos uma proposta com um título enganador, que parece querer
alcançar uma só coisa, mas, ao mesmo tempo, pretende atentar contra os direitos e as liberdades das
pessoas, para, por fim, poder agitar a bandeirola nas redes sociais, porque sabe que a maioria democrática
neste Parlamento vai chumbar uma proposta persecutória.
Esta lógica de instrumentalização do cargo para o qual fomos eleitos e deste Parlamento, para fazer
políticas perigosas e contra os direitos humanos, é algo para a qual não contarão com o PAN.
Aplausos do PAN.
O Sr. Presidente: — Peço aos serviços para ligarem o sistema de verificação quórum, para que os Deputados possam registar-se.
Entretanto, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Rodrigues, do Grupo Parlamentar do PS.
A Sr.ª Isabel Rodrigues (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Para o Grupo Parlamentar do Partido Socialista, é tanta a importância das questões da reinserção, do sistema prisional e dos direitos
humanos que foi por sua proposta que, nesta Legislatura, foi constituída, no âmbito da 1.ª Comissão, uma
subcomissão dedicada precisamente à reinserção e aos assuntos prisionais.
Não obstante os grandes constrangimentos impostos pela pandemia, que afetaram sobretudo a
componente de visitas do plano de atividades, a subcomissão desenvolveu um vasto trabalho e teve a
oportunidade de ouvir muitos intervenientes, quer do lado do sistema prisional, quer do lado das associações
que prestam um inestimável apoio aos reclusos e às suas famílias.
Em nome do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, quero, hoje, enviar uma saudação fraterna a todas
as associações e sublinhar o profundo reconhecimento pelo seu trabalho. Estendemos esta saudação a todos
os trabalhadores da reinserção e dos serviços prisionais.
Aplausos do PS.