12 DE NOVEMBRO DE 2021
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sabemos se uma solução implementada de forma eficaz dentro do sistema prisional não teria dado também
resultado. E não se pode, obviamente — isso para nós, seria ofensivo, mas não é, seguramente, essa a sua
intenção —, admitir que nós não estaríamos preocupados com a saúde dos cidadãos que, estando presos têm
de ter o mesmo direito à saúde e ao tratamento que todos os outros que não estão presos, como é evidente.
Portanto, isso não sabemos.
Em segundo lugar, quero registar que esta lei foi, de alguma forma, mantida em vigor um bocadinho à
socapa — passo a expressão —, porque, de facto, ela dependia do decreto original, que previa uma
disposição legislativa que determinasse o seu fim. O que é certo é que o decreto original foi revogado sem que
me tivesse apercebido, confesso-lhe, enquanto parlamentar, que nessa revogação mantínhamos em vigor o
regime excecional, não fixando uma data.
É verdade, Sr.ª Deputada — e esta é uma pergunta que passou por várias intervenções, ainda agora pela
bancada do PCP —, que o Governo poderia ter agido em relação a esta matéria e não agiu. Ou seja, o
Governo apercebeu-se que esta matéria tinha ficado em vigor para além daquilo que a própria lei definia, que
era temporalidade e excecionalidade, e não agiu para a revogar. Pergunto-lhe, Sr.ª Deputada, se considera,
ou não, que o Governo o poderia ter feito.
Para finalizar, Sr.ª Deputada, quero agradecer-lhe, sinceramente, as suas palavras, por uma razão muito
simples — e estou a ser absolutamente sincero. Tantas vezes nos opusemos, tantas vezes debatemos, mas
gostaria de deixar aqui um registo: o Grupo Parlamentar do CDS — não sou só eu — agiu aqui sempre por
convicções, valores, de forma frontal, mas procurámos sempre fazê-lo com elevação e respeito democrático
pelos nossos adversários. Para mim é importante que esse registo fique, se calhar até é mais importante do
que qualquer outro e, por isso mesmo, agradeço-lhe, sinceramente e do coração, as suas palavras.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Constança Urbano de Sousa.
A Sr.ª Constança Urbano de Sousa (PS): — Sr. Presidente, em relação à intervenção do Sr. Deputado Cancela Moura, confesso que, a dada altura, me perdi. No entanto, houve uma coisa de que fiquei convicta e
que percebi. Percebi que há um Chega no PSD ou que há um PSD que se identifica com o Chega!
Aplausos do PS.
Portanto, sinceramente, Sr. Deputado, gostaria muito de lhe agradecer a forma como esclareceu esta
Câmara, todos estes Deputados e os portugueses sobre esta nova identidade do PSD.
Sr. Deputado Telmo Correia, quando lhe disse que o senhor fez este debate com elevação disse-o de uma
forma muito sincera, porque o fez com essa elevação e, sobretudo, porque não procurou cavalgar
politicamente, de forma baixa, se quisermos, uma matéria que é séria.
Respondendo agora à sua questão, a verdade é que, numa versão inicial desta lei, seria o Governo que
cessaria a sua vigência através de um decreto-lei, mas esta Câmara entendeu, a dada altura, que deveria ser
a Assembleia da República a revogá-la.
Poderia o Governo ter apresentado uma proposta de lei para cessar a sua vigência? Poderia, mas a
verdade é que também só em outubro deste ano se atingiu 92% de vacinação na população reclusa, o que me
parece ser uma taxa bastante elevada e que dá uma certa segurança, porque sabemos que não conseguimos
prever o futuro.
Contudo, também é verdade que o PSD já tinha apresentado aqui uma iniciativa legislativa há bastante
tempo, acho que até a entregou antes do CDS, mas nunca a agendou. Nós não a poderíamos agendar, só o
proponente é que pode fazê-lo.
Por isso, mais uma vez, Sr. Deputado Telmo Correia, agradeço-lhe não só a elevação com que fez este
debate, mas também lhe agradeço ter agendado este projeto de lei.
Aplausos do PS.