18 DE NOVEMBRO DE 2021
5
O Sr. Hugo Carvalho (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Bruno Dias, há duas questões de fundo neste debate sobre habitação que temos de aqui trazer. A primeira é a visão de futuro de um
País que, no âmbito do direito constitucional, queremos construir, com habitação justa, com dignidade de
habitação e com a possibilidade de uma pessoa poder ter habitação na sua terra, de poder construir o seu lar
em perfeitas condições de dignidade.
O Sr. Deputado e a sua bancada sabem — eu sei e a bancada do PS também o sabe — que, nos últimos
anos, demos passos significativos na construção de uma visão de futuro e de um espaço de futuro no que diz
respeito ao tema da habitação. O tema da habitação ganhou uma nova centralidade política — isso é
inquestionável — com os Programas 1.º Direito e Renda Acessível e com as respostas extraordinárias no âmbito
da pandemia da COVID-19. Avançámos naquilo que é o direito pleno à habitação dos cidadãos.
Há também uma segunda questão, a da vertente paliativa, que consiste em ter medidas concretas que
respondam a problemas imediatos e urgentes, e é essencialmente a essas que o projeto de lei do PCP procura
dar resposta, resolvendo essas situações.
Mas deixe-me que lhe diga, Sr. Deputado, que algumas delas nos deixam alguma dúvida. A dúvida é se o
PCP está, neste debate, a fazer um ato de contrição por não ter aprovado algumas propostas que aqui apresenta
e que também estavam vertidas na versão do Orçamento do Estado para 2022.
O Sr. João Paulo Oliveira (PS): — Bem lembrado!
O Sr. Hugo Carvalho (PS): — Por isso, neste debate, nesta análise que devemos fazer, Sr. Deputado Bruno Dias, deixe-me que lhe diga que preferia que, neste momento, não estivéssemos a ter este debate, mas a fazer
um debate de especialidade e a somar às propostas iniciais do Orçamento do Estado os contributos que
podemos agora avançar.
Aplausosdo PS.
OSr. Deputado sabe que podíamos ter continuado a dar corpo a uma lei de bases da habitação? O Sr.
Deputado e a sua bancada sabem que deixam uma marca muito forte entre aquilo que cada uma das bancadas
quiseram aqui defender? Nós sabemos o que defendemos, outros sabem o que quiseram defender.
É por isso que, neste debate, infelizmente, o que estamos a fazer é a assistir a um ato de contrição por parte
do PCP: algumas propostas que estavam no Orçamento do Estado poderiam ter avançado e não avançaram,
sendo agora, também, apresentadas.
Portanto, Sr. Deputado, estaremos onde sempre estivemos, na procura de soluções que deem mais justiça,
mais dignidade e que avancem na política de habitação no nosso País.
Aplausosdo PS.
OSr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem a palavra, para o segundo pedido de esclarecimento, a Sr.ª Deputada Márcia Passos, do PSD.
A Sr.ª Márcia Passos (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Bruno Dias, o PCP apresenta-nos, mais uma vez, um projeto de lei que deturpa a realidade,…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Não, não!
A Sr.ª Márcia Passos (PSD): — … mas que tem uma virtude, se é que lhe podemos chamar virtude: este projeto de lei é claro a demonstrar que o PCP é mesmo um inimigo assumido dos senhorios.
O PCP quer prorrogar a suspensão da cessação dos contratos de arrendamento até 31 de dezembro de
2022, ou seja, quer que os senhorios continuem à espera que os arrendatários que já deviam ter entregado os
imóveis em 2020 passem a entregá-los no final do ano de 2022.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Exatamente!