I SÉRIE — NÚMERO 26
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Felizmente, o Serviço Nacional de Saúde e o País não estão condenados ao PS ou ao PSD, pois o Bloco de
Esquerda está cá para essa alternativa.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Inscreveu-se, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Bruno Aragão, do PS. Presumo que mantenha esse pedido apesar de o Sr. Deputado Moisés Ferreira já não ter tempo
para responder.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Bruno Aragão (PS): — Sr. Presidente, transformamos o pedido de esclarecimento numa questão para reflexão, que é bem importante.
Permita-me, Sr. Deputado Moisés Ferreira, que lhe diga, com a mesma tranquilidade, que não há nenhuma
atração pelo bloco central, mas, depois do chumbo do Orçamento do Estado, parece, de facto, haver uma
atração do Bloco de Esquerda pelo abismo.
Aplausos do PS.
E a questão central aqui tem a ver com o seguinte: o Bloco de Esquerda tem feito muita intervenção e
reivindicação permanente de investimento no Serviço Nacional de Saúde — e bem, legitimamente. Mas há,
nessa intervenção permanente, uma dúvida que sobressai. A reivindicação do Bloco de Esquerda era: em 2018,
salvar o SNS, em 2019, salvar o SNS do desmantelamento, em 2020, salvar o SNS, pelo bem de todos, e, em
2021, vencer Belém para salvar o SNS.
E, agora, mais recentemente, a propósito de um Orçamento do Estado que tinha reforços para o Serviço
Nacional de Saúde e que os senhores chumbaram, dizem que «salvar o SNS é o nosso compromisso».
Ano após ano, momento após momento, há o anúncio de um iminente desastre que, felizmente, para bem
dos portugueses, nunca aconteceu.
Mas não nos afastemos do essencial. E isto é tão relevante para a pergunta para reflexão que lhe deixo,
como para o Sr. Deputado Ricardo Baptista Leite, que, não tendo visto o diabo aparecer, tenta hoje trazer, de
facto, o inferno para este debate.
Aplausos do PS.
E a questão é muito simples. Há, de facto, portugueses que não têm médico de família, mas há muitos que
certamente já lhe reportaram a forma incrível como foram tratados.
A Sr.ª Telma Guerreiro (PS): — Muito bem!
O Sr. Bruno Aragão (PS): — Há, de facto, desafios que se colocam com as listas de espera. Mas, como certamente sabem, há um programa de combate e de incentivo que inegavelmente tem permitido a recuperação.
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Muito bem!
O Sr. Bruno Aragão (PS): — Há uma resposta à COVID-19 que continua a ser necessária. Mas, como os senhores certamente sabem, Portugal é um dos países com a maior taxa de vacinação, e o Sr. Deputado Ricardo
Baptista Leite recordar-se-á certamente da quantidade de vezes que aqui lançou o caos.
Portanto, a questão é muito simples: o SNS não é um desastre iminente, é mesmo uma construção
permanente.
Aplausos do PS.
E a pergunta é se estão ou não dispostos a continuar esta construção permanente.