I SÉRIE — NÚMERO 29
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e formativos na ferrovia, do bom usufruto dos fundos comunitários para a renovação de frotas mais
amigas do ambiente, da promoção dos módulos suaves de mobilidade, entre outras medidas.
Face a esta resenha, e no que se refere à iniciativa apreciada, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista e,
em particular o conjunto de Deputados signatários, acompanharam as iniciativas tendentes à criação de títulos
de transporte «com custos mais reduzidos para os segmentos da população em questão, bem como outros de
baixos rendimentos, de modo a garantir a não exclusão do acesso aos serviços de transporte pelo preço e de
promover a inclusão social. No entanto, tal deve ser efetuado, tendo em consideração a continuidade e
compatibilidade dos apoios já criados e dados pelo Governo atualmente, através da manutenção da aposta em
políticas de investimentos em infraestruturas e expansão das atuais redes de transporte, sem nunca descurar
aquele que é o papel das autoridades de transportes, enquanto entidades que tem como incumbência, quer a
organização e contratualização dos transportes públicos, quer a definição das tarifas a praticar».
Acreditamos que a universalidade do acesso ao transporte público, numa lógica de equidade,
proporcionalidade e racionalidade, deve imperar sobre o desígnio cego da gratuitidade, não obstante esta opção
poder ser virtuosa em alguns cenários.
Da análise dos impactos financeiros, de uma medida que abrangeria 1 830 012 portugueses, qualquer que
seja o otimismo de que possamos partir, facilmente se conclui que a aprovação deste diploma acarretaria um
aumento desproporcionalmente elevado dos encargos públicos face aos benefícios que poderia gerar.
Apenas a título de exemplo, no município do Barreiro, um dos 6 entre 308 contam virtuosamente com serviços
municipalizados de transportes públicos rodoviários. Esta medida custaria mais de 1 milhão e 800 000 euros por
ano e a gratuidade, no seu todo, um impacto superior a 7 milhões de euros, por igual período, tudo isto numa
despesa global de 12 milhões e 400 000 euros. Talvez por este óbvio motivo, o PCP e o PEV — que governaram
esta autarquia durante 37 anos, desde 1976 — nunca tenham aplicado a sua proclamação no momento de
decidir e gerir com realismo e critério.
Face ao exposto, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista votou contra este projeto de lei, não por
discordância de princípio genérico, mas muito mais pelo primado da responsabilidade sobre o eleitoralismo.
Queremos, aliás, crer que a melhor forma de defender o transporte público em Portugal teria passado pela
aprovação da proposta de Orçamento do Estado para 2022, cujo bloqueio mereceu uma coligação de PEV,
PCP, BE, IL, Chega, CDS e PSD, que juntaram inusitadamente os seus votos, mergulhando Portugal numa crise
irracional.
São Bento, 25 de novembro de 2021.
As Deputadas/Os Deputados do Grupo Parlamentar do PS, André Pinotes Batista — Eurídice Pereira —
Maria Antónia de Almeida Santos — Fernando José — Clarisse Campos — Sofia Araújo — Ivan Gonçalves —
João Azevedo Castro — Francisco Rocha — Nuno Fazenda — Cristina Mendes da Silva — Jorge Gomes —
Lúcia Araújo Silva — Ana Passos — Maria da Graça Reis — Cristina Sousa — Rita Borges Madeira — Alexandra
Tavares de Moura — Sofia Andrade — Vera Braz — Dora Brandão — Rosário Gambôa — Pedro Sousa —
Marta Freitas — Maria Joaquina Matos — João Azevedo — Joaquim Barreto — Martina Jesus — Romualda
Fernandes.
[Recebida na Divisão de Redação em 2 de dezembro de 2021].
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Presenças e faltas dos Deputados à reunião plenária.
A DIVISÃO DE REDAÇÃO.