7 DE JANEIRO DE 2022
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Esse caso fê-la lembrar-se de uma colega que tinha ido viver para um parque de campismo exatamente pela
mesma razão. Esta professora vai de Almancil a Aveiro e tem à sua espera um marido e dois filhos, com 10 e
11 anos, mas não consegue ir todas as semanas ver a família, porque é professora do primeiro escalão, ganha
1100 € e o dinheiro não chega para ir a casa todos os fins de semana. Esta professora terminou o curso em
2004 e continua precária.
Patrícia Silva tem de pagar para trabalhar. Tem 40 anos, é professora de Educação Física, ganha 633 €, tem
um horário de 13 horas e paga pelo quarto 250 €, fora as despesas. No ano passado, passou por quatro escolas
diferentes, na Damaia, em Castro Daire, na Lourinhã e em Lisboa.
Faltam professores por muitas razões. Mas isto não significa que não haja soluções. Alterar a norma-travão,
fazer uma vinculação extraordinária, apoiar professores como a Patrícia Silva e a Tânia Monteiro, que têm de
se deslocar, nos transportes e na habitação, reconhecer direitos aos professores com horários incompletos,
diminuir a dimensão dos quadros de zona pedagógica, rever a formação inicial e permitir a progressão na
carreira são apenas algumas das soluções propostas pelo Bloco de Esquerda e, até agora, negadas pelo Partido
Socialista.
No fundo, Sr.as e Srs. Deputados, faltam professores porque o Governo faltou ao País e faltou à escola
pública. Esta novidade de que a alteração da idade da reforma veio acelerar esse processo demonstra apenas
que o Governo não estava preparado para enfrentar esta falta de professores, não tomou medidas estruturais,
não tomou medidas imediatas, não respondeu como era preciso e, portanto, agora, não tem capacidade para
responder perante uma inevitabilidade.
Faltam professores porque o Governo falhou ao País e à escola pública. Esta é uma herança que não
partilhamos. O Bloco de Esquerda previsivelmente cá estará, na defesa dos professores e da escola pública,
como sempre esteve.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — O Sr. Deputado André Ventura acabou de comunicar à Mesa que tinha requerido para fazer uma intervenção neste ponto da ordem do dia. Acontece que a informação que temos é que não tem direito
a fazer essa intervenção porque já utilizou esse tempo na última Comissão Permanente.
Portanto, vamos passar ao segundo ponto da ordem do dia.
O Sr. André Ventura (CH): — Peço a palavra, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. André Ventura (CH): — Obrigado, Sr. Presidente. O que peço, Sr. Presidente, é que os serviços, que sabem bem o número de intervenções a que temos direito
e conhecem bem o Regimento da Assembleia da República, não deixem de fazer entrar na ordem do dia uma
coisa que está na ordem do dia.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para ser rápido, Sr. Deputado.
O Sr. André Ventura (CH): — Desculpe, o Sr. Presidente pede-me para ser rápido, mas tenho direito a falar e a usar o tempo de que preciso para falar.
Portanto, há uma ordem do dia em que o Chega está inscrito para falar. O Sr. Presidente diz agora que não
há direito a fazer isso, mas estava na ordem do dia.
O Sr. Presidente: — Peço desculpa, mas na ordem do dia que tenho aqui não está cá uma intervenção do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): — Está, está!