I SÉRIE — NÚMERO 32
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A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O cansaço acumula-se e os dias continuam incertos com os números elevados de infetados pela nova variante Ómicron.
A população portuguesa está de novo confrontada com a incerteza. Os especialistas indicam que a situação
se encontra a evoluir favoravelmente, uma vez que as linhas vermelhas «internados» e «internados em unidade
de cuidados intensivos» continuam em valores considerados moderados, em função dos valores elevados da
vacinação.
Apesar de não termos sido apanhados desprevenidos, continuamos a assistir a problemas graves nos locais
de trabalho, com os trabalhadores com medo de serem despedidos se ficarem infetados. Os trabalhadores da
cultura enfrentam outra vez o cancelamento dos espetáculos. O comércio, a restauração ou o turismo estão
reféns das novas medidas. O teletrabalho e a conciliação com a vida familiar voltam a causar problemas na vida
de muitas famílias. Os profissionais da chamada «linha da frente» estão exaustos e, infelizmente, as promessas
de que tudo mudaria não passaram disso mesmo, de promessas.
Tendo em conta a elevadíssima transmissibilidade da variante Ómicron do vírus SARS-CoV-2, consideramos
que se colocam as mesmas necessidades que Os Verdes abordaram desde o início da pandemia.
É urgente o reforço do Serviço Nacional de Saúde, fixando profissionais com melhores salários e melhores
condições de trabalho, sobretudo no que diz respeito aos cuidados primários, reforçando igualmente as equipas
de saúde pública, as equipas dos centros de vacinação, as equipas de saúde mental.
É necessário assegurar o acompanhamento próximo de quem está infetado e dos que são obrigados ao
isolamento. Os profissionais de saúde continuam sobrecarregados e os discursos de agradecimento não são
suficientes para que sintam que o seu esforço, a sua entrega sejam valorizados.
Não obstante a notável resposta à pandemia, há hoje uma emergência no Serviço Nacional de Saúde, onde
se abrem, a cada dia que passa, novas brechas, novos buracos, que o podem fazer ruir. Há uma emergência
na resposta à COVID-19 e na resposta a toda a restante atividade que continua a ser marcada por falta de
meios. E, claro, aí estão os grupos económicos com interesses no negócio da saúde a esfregar as mãos de
contentes e os seus amigos, nos partidos da direita e nos comentários da comunicação social, a dar aquele
apoio amigo para abocanharem mais uma fatia do Orçamento.
Foi este sentido de emergência que o PS não quis ver quando nos empurrou para eleições antecipadas.
Os Verdes têm também alertado para a necessidade de se reforçar os transportes públicos, uma vez que os
trabalhadores e as pessoas que deles dependem continuam a viajar amontoados, em condições que não
garantem a segurança sanitária de cada um.
Ontem, na reunião com os especialistas do Infarmed, voltou a ser referida a necessidade de se ter lotação
limitada nos transportes, para que as pessoas possam cumprir as regras do distanciamento no momento em
que convivemos com uma variante tão contagiosa. Mas, para cumprir estas regras, que já se deveriam ter
enraizado no dia a dia de cada um de nós, são precisas respostas eficientes em todo o transporte público
coletivo: terrestre, fluvial, marítimo e ferroviário.
O Governo vai dizer-nos que isso exige grande investimento e não ajuda às contas certas. Sabemos disso,
mas as contas que nos interessam em primeiro lugar são as contas que as pessoas fazem à vida de cada vez
que têm de decidir entrar no metro, no comboio ou no autocarro sobrelotado.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, queremos aqui deixar ainda a convicção de que não podemos permitir que
o surto epidémico impeça alguém de votar. A Administração Eleitoral deve assegurar todas as medidas no
quadro da lei para que no dia das eleições ninguém fique privado da liberdade desse direito de voto.
Sr.as e Srs. Deputados, hoje foi confirmado que, no dia 10, se retomam as aulas. Consideramos que é
indispensável evitar mais atrasos nas aprendizagens dos estudantes e valorizamos a alteração das medidas
que diziam respeito ao isolamento desnecessário.
Não podemos esquecer que os prejuízos que estamos a causar às crianças e aos adolescentes portugueses
são difíceis de quantificar. Durante estes meses muitas vezes ouvimos falar da necessidade de ouvir a ciência.
Ouçamos, então, a ciência no que diz respeito aos efeitos perniciosos, na saúde mental de crianças e jovens,
destes longos períodos de isolamento e ausência de contacto social.
Srs. Deputados, uma vez que falamos sobre as escolas, não queremos deixar passar a oportunidade para
manifestar o nosso espanto perante a preocupação e as promessas correspondentes que o PS revelou nos
últimos dias, quanto à colocação de professores.