4 DE MARÇO DE 2022
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pelo que não estão a garantir a segurança no abastecimento e regularização dos caudais. As hidroelétricas
abrem e fecham comportas, consoante a energia produzida seja mais rentável,…
O Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática: — Também pode falar a verdade!
A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — … mesmo que isso ponha em causa a segurança hídrica ou os caudais ecológicos.
Por outro lado, os serviços de estudo, de planeamento e de monitorização da água, como o Instituto da Água,
foram desmantelados. Sem dúvida que estas opções não ajudam nada à seca.
Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, o PCP propôs um plano nacional para a prevenção estrutural
dos efeitos da seca, que o PS, o PSD e o Iniciativa Liberal chumbaram.
Hoje, com a seca extrema e severa em mais de 90% do País, há outra disponibilidade para adotar as medidas
necessárias?
O País precisa de uma gestão e administração dos recursos hídricos exercidas pelo Estado que impeça a
mercantilização da água que sempre aparece nestas alturas, mas também o aumento dos custos para as
populações. Há um compromisso ou não, nesse sentido?
O País precisa de uma gestão responsável, assente na hierarquização dos usos em períodos de escassez,
para que esteja definido onde se poupa e onde não pode faltar, priorizando o uso humano, a saúde pública, a
agricultura e a indústria adaptadas às condições climáticas, os serviços de ecossistemas. Há hoje vontade para
agir neste sentido?
É que é preciso ir além das medidas de circunstância e de minimização dos impactos. É preciso planear os
investimentos necessários, com prazos concretos.
Temos um Governo comprometido com prazos para executar os tantos investimentos que ainda estão por
fazer no Mira, no Alvor, no Mondego?
Em cada ano que passa sem medidas de fundo, as consequências vão sendo mais severas. Do que o País
precisa não é de adiar, é de se preparar e precaver — e já! — para que as consequências não sejam mais
dramáticas.
Aplausos do PCP e do PEV.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática.
O Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática: — Sr. Presidente, porque o PCP ainda dispõe de tempo, não resisto em perguntar à Sr.ª Deputada qual foi a barragem que saiu da gestão pública durante estes seis
anos em que fomos Governo. Gostava que desse, pelo menos, um exemplo. Há de ter vários,…
Protestos da Deputada do PCP Alma Rivera.
… pela forma como colocou a questão! Há de ter vários!
Sr.ª Deputada, não consigo dizer-lhe de outra forma: tenho, de facto, para o setor, a visão diametralmente
oposta à sua. V. Ex.ª diz que faltam barragens. Para quê? Para não terem água?! São essas as barragens que
lhe faltam?!
Olhe, Sr.ª Deputada, não tenho a mais pequena dúvida — e sem nenhum preconceito relativamente a obra
alguma — de que há charcas agrícolas que poderão vir a ser necessárias e que elas até são muito importantes
para promover a descontinuidade da paisagem e para aumentar a biodiversidade.
Porém, a única barragem de que Portugal precisa, se for essa a solução encontrada tecnicamente, é mesmo
para garantir a regularidade do caudal no rio Tejo, uma vez que temos um troço no rio Tejo de cerca de 70 a 80
km, entre Belver e Constância, isto é, na foz do Zêzere, onde, de facto, muitas vezes, há pouca água. E não
seria no rio Tejo — repito: não no rio Tejo! —, mas no Ocreza, que é a primeira sub-bacia hidrográfica
completamente portuguesa, se assim posso dizer. Precisamente para estarmos menos dependentes,
independentemente do cumprimento da Convenção de Albufeira por Espanha, precisamos de ter um