23 DE MARÇO DE 2022
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O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Quem disse isso?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não, não há dois pesos iguais: há um país que estava em paz, que queria a paz, e há outro país que desencadeou a guerra e que está a executá-la.
Aplausos do PS, do PSD e do CDS-PP.
Deixo uma última nota sobre a questão dos combustíveis: a fixação de um teto máximo no preço de
referência para o gás é absolutamente fundamental, porque, como o mecanismo de formação de preços é um
mecanismo marginalista — ou seja, paga-se sempre pelo preço mais alto da fonte que foi injetada na rede —,
temos um problema na eletricidade porque temos um problema no gás. Portanto, ao fixarmos o preço máximo
de referência no gás, evitamos a contaminação da subida dos preços nas outras fontes da energia, e isto é
absolutamente vital.
Depois, há uma dimensão fiscal, sim, a que podemos recorrer e, ao contrário do que os Srs. Deputados
dizem, o Governo não tem estado parado. O Governo congelou, há bastante tempo, o aumento da taxa de
carbono e de outras medidas fiscais e introduziu aquilo que pode fazer, ou seja, a devolução, em ISP, do
aumento da receita que o Estado está a obter por via do IVA com o aumento do preço.
Porém, como os Srs. Deputados deveriam saber, não nos basta a autorização da Comissão Europeia para
baixar a taxa do IVA…
O Sr. André Ventura (CH): — É preciso o Parlamento?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É preciso uma Assembleia da República que esteja em pleno funcionamento, visto que a matéria fiscal é da competência exclusiva da Assembleia da República e, como os Srs. Deputados
sabem melhor do que ninguém, ainda não temos uma Assembleia da República instalada e em pleno
funcionamento.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Então e o ISP?
O Sr. André Ventura (CH): — Para o ISP não é preciso!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Portanto, se tudo correr bem, na próxima semana será instalada a Assembleia da República e todos teremos outros instrumentos de que, neste momento, não dispomos para poder intervir
em matéria fiscal.
No entanto, há algo sobre o qual convém não termos qualquer ilusão: a intervenção em matéria fiscal que
produz efetivamente efeito, Sr. Deputado Rui Rio, é mesmo no IVA, porque este é que é o imposto ad valorem,
o imposto em que a receita varia em função do aumento do preço.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — E o ISP?
O Sr. Primeiro-Ministro: — O ISP é um valor fixo e, portanto, é absolutamente indiferente para a receita do ISP se o preço sobe ou baixa. Até diria mais: se o preço subir tanto que as pessoas consumam menos, a
receita do ISP, em vez de aumentar, diminui.
Portanto, o ISP não é o problema,…
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Então, baixe-o!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … nem é a chave para a solução. A chave da solução está em mexermos na taxa do IVA.
Como temos dito, temos mexido no ISP porque, neste momento, é a ferramenta que o Governo pode
utilizar sem que o Parlamento esteja em funcionamento e sem ter de pedir autorização à Comissão Europeia
para mexer na taxa do IVA.