16 DE SETEMBRO DE 2023
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O Sr. Pedro Pinto (CH): — Ó João, não se passa pela frente, passa-se por trás! As férias devem-te ter feito mal, vens para aqui com os maus hábitos do Avante!
O Sr. João Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Ministros, Srs. Secretários de Estado: Apesar
de todo o ataque ao SNS, que resulta das opções dos sucessivos Governos de reduzir a sua capacidade de prestar cuidados à população, mas também do cada vez maior e mais evidente devorador apetite dos grupos privados de se apropriarem do SNS, abocanhando para o seu negócio um serviço essencial para o povo, apesar de tudo isto, é notável a sua capacidade de resistir e de responder aos problemas de saúde da população.
Para ter capacidade de assegurar os cuidados de saúde a que os utentes têm direito, o Serviço Nacional de Saúde tem de estar dotado do adequado número de profissionais de saúde. Não é por acaso que um dos aspetos da estratégia de desmantelamento do SNS passa pelo ataque aos direitos dos trabalhadores da saúde. Sem trabalhadores da saúde no SNS, este não consegue assegurar a prestação de cuidados de saúde aos utentes.
O Sr. Alfredo Maia (PCP): — Muito bem! O Sr. João Dias (PCP): — Foi correspondendo a essa imperiosa necessidade que o PCP deu entrada, hoje,
de um projeto de lei que estabelece o regime de dedicação exclusiva no Serviço Nacional de Saúde. A implementação deste regime de dedicação exclusiva é fundamental para atrair os profissionais de saúde para o SNS e valoriza o desempenho de funções em exclusivo no serviço público.
Este regime não se destina exclusivamente aos médicos, é extensível também aos enfermeiros e a outros profissionais de saúde cuja necessidade de fixação no SNS comprovadamente se verifique. É um regime de dedicação exclusiva de natureza opcional, com a majoração de 50 % da remuneração e o acréscimo na contabilização dos pontos para efeitos de progressão da carreira, vedando assim a possibilidade de exercer simultaneamente funções em unidades do setor público, privado e social.
Simultaneamente, demos também entrada de um projeto de lei onde propomos alterações ao Estatuto do Serviço Nacional de Saúde. Na verdade, o novo Estatuto do SNS, além de uma oportunidade perdida, não veio responder às exigências de recuperação do Serviço Nacional de Saúde, não acabou com a promiscuidade entre o público e o privado. Antes pelo contrário, só agravou a dependência que o serviço público tem do privado, que vem buscar ao Serviço Nacional de Saúde mais de 8 mil milhões de euros, ou seja — veja-se bem, Srs. Deputados —, cerca de 55 % do Orçamento do Estado para a saúde.
Prova disso é que hoje, quando deveríamos estar a falar da abertura de mais serviços no SNS, do que na verdade se fala é do seu encerramento. Quando se deveria tranquilizar a população com a garantia dos serviços necessários a todos os níveis e especialidades, reforçando os meios humanos e materiais e a sua capacidade de resposta, o que se vê é o bem conhecido garrote do Ministério das Finanças, cujas contas certas são a preocupante e crescente transferência de dinheiros públicos e valências para os serviços dos grupos privados que lucram com o negócio da doença.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Exatamente! O Sr. João Dias (PCP): — O novo Estatuto do SNS, que o Governo defende com unhas e dentes, já provou
que não serve. Não estancou a saída dos profissionais do SNS e não melhorou a capacidade de atração dos profissionais necessários, nem melhorou o acesso da população aos cuidados. Abriu a porta aos privados, fazendo regressar as PPP (parcerias público-privadas), inclui a possibilidade de concessionar serviços a privados, mesmo dentro dos hospitais, e mantém a possibilidade de criar USF modelo C concessionando-as a privados, as quais, aliás, como admitiu o Sr. Ministro da Saúde, só não estão implementadas porque o Governo, por agora, ainda não encontrou privados nelas interessados.
Protestos da Deputada da IL Joana Cordeiro. E, quanto às unidades locais de saúde, anunciadas pela Direção Executiva do SNS como a grande reforma
do SNS, na verdade, o que demonstram, pela experiência da esmagadora maioria das oito atualmente